19.4.10

as minhas aventuras nos tribunais portugueses [7]

O juiz - Então, o senhor é daqui?
O arguido - Ora bem, eu nasci em Cedofeita, mas fui feito em Angola.

18.4.10

ver para crer

[clicar para aumentar]

Quem entrar no Citius, o sistema criado pelo Ministério da Justiça (através do ITIJ - Instituto das Tecnologias de Informação na Justiça) para a gestão dos processos judiciais, depara-se agora com uma nova funcionalidade: a possibilidade de comunicação entre o mandatário e o agente de execução através desta plataforma. Na primeira página do Citius, à qual qualquer pessoa pode aceder, encontra-se um destaque com as palavras «Comunicações electrónicas entre mandatários e agentes de execução», o qual tem uma ligação para uma janela onde se explica o novo serviço.

Nessa janela, cuja imagem ilustra este texto, pode ler-se o seguinte: «Agradecemos, desde já a disponibilidade de V. Ex.a, estando em querer que aproveitará esta oportunidade para contribuir, de forma essencial, para a modernização, celeridade e simplificação da justiça» (sic) (negrito meu).

Como se vê, nem no Citius a língua portuguesa escapa à fértil criatividade dos que gostam de a adulterar: é ver para crer.

7.4.10

«uma coisa quase mística»

[clicar para aumentar]

Na sua crónica de hoje, publicada no «Correio da Manhã», Domingos Amaral relata-nos as suas experiências na livraria "Bucholtz" (ver nota no final do texto), à qual se refere como sendo «uma instituição que é uma nostalgia do meu passado». Dando ênfase à sua qualidade de cliente frequente da livraria, Domingos Amaral afirma que «[p]assear na Bucholtz era um momento delicioso, de silêncio e gravidade, uma coisa quase mística» e que era possível «"mandar vir" livros na Bucholtz, coisa rara em Portugal, há vinte anos». O cronista admite que já não ia à livraria há tantos anos que já nem se lembra, mas recorda-se de que, então, «a livraria era uma sombra do que fora. Poucos livros, pouco público, sinais de estado terminal evidentes. O fecho foi inevitável, e não só a Rua Duque de Palmela ficou mais pobre, como Lisboa também». A terminar, o cronista refere o seu contentamento perante a notícia de reabertura da livraria, rematando dizendo que «voltar à Bucholtz será um enorme prazer».

[Início de ironia] Confesso que gostava imenso de saber o que era isso da livraria "Bucholtz". É que lendo o texto ficamos com a sensação de que Domingos Amaral se refere a uma conhecida livraria de Lisboa que encerrou em Dezembro de 2009, a Buchholz. As coincidências são assombrosas: em ambos os casos trata-se de livrarias onde era possível encomendar livros difíceis de encontrar noutros espaços, de livrarias alemãs, de livrarias de Lisboa, mais, de livrarias sitas à Rua Duque de Palmela! De facto, é assombroso! [Fim de ironia]

Agora mais a sério, então. Se atentarmos no facto de Domingos Amaral escrever como se toda a vida tivesse frequentado a livraria de que fala, parece impossível que não tenha sequer acertado no nome da mesma. É inacreditável que um cliente que por lá passou longos tempos, tempos «místicos», como o próprio diz, que lá "mandou vir" os seus livros de Economia, que recorda com nostalgia as senhoras alemãs muito sérias mas competentes, é inacreditável, dizia eu, que esse mesmíssimo cliente não saiba sequer o nome da livraria em questão. Mais inacreditável será o facto de esse cliente escrever uma crónica no jornal onde o nome da livraria aparece escrito dez vezes, sendo que uma delas no próprio título, como "Bucholtz", quando a livraria a que Domingos Amaral pretende referir-se é a Buchholz.

Concedo que existe alguma parecença entre o nome verdadeiro da livraria e o nome com que Domingos Amaral decidiu baptizá-la, mas a confusão não seria tão absurda se ao longo do texto o cronista não pretendesse passar a imagem de que era cliente assíduo, de que sabe do que fala, de que conhecia os cantos à casa. Quem passa horas num determinado espaço dificilmente esquece ou confunde o seu nome, principalmente se esse espaço é um ícone dentro da sua área como era o caso da livraria Buchholz.

Em consequência:
1. O texto soa a falso? Soa.
2. Está a atirar para o pseudo-intelectual? Está.
3. Falha o alvo? Falha, completamente.

Já agora, o que verdadeiramente interessa: a Buchholz abre amanhã, quinta-feira, 8 de Abril de 2010.

Nota: Antes de escrever este texto, fiz referência ao equívoco de Domingos Amaral no Twitter. Não sei se por isso ou não, certo é que a crónica foi entretanto editada e agora o nome da livraria aparece correctamente escrito. Note-se, contudo, que um dos comentários feitos ao texto também refere a livraria "Bucholtz" (viva o copy/paste!). Para documentar o estranho sucedido, resta, assim, o print screen que fiz e que ilustra este texto.

© Marta Madalena Botelho

eu

[m.m. botelho] || Marta Madalena Botelho
blogues: viagens interditas [textos] || vermelho.intermitente [textos]
e-mail: viagensinterditas @ gmail . com [remover os espaços]

blogues

os meus refúgios || 2 dedos de conversa || 30 and broke || a causa foi modificada [off] || a cidade dos prodígios || a cidade surpreendente || a curva da estrada || a destreza das dúvidas || a dobra do grito || a livreira anarquista || a mulher que viveu duas vezes || a outra face da cidade surpreendente || a minha vida não é isto || a montanha mágica || a namorada de wittgenstein || a natureza do mal || a tempo e a desmodo || a terceira noite || as folhas ardem || aba da causa || adufe || ágrafo || ainda não começámos a pensar || albergue dos danados || alexandre soares silva [off] || almocreve das petas [off] || animais domésticos || associação josé afonso || ana de amsterdam || antónio sousa homem || atum bisnaga || avatares de um desejo || beira-tejo || blecaute-boi || bibliotecário de babel || blogtailors || blogue do jornal de letras || bolha || bomba inteligente || cadeirão voltaire || café central || casadeosso || causa nossa || ciberescritas || cibertúlia || cine highlife || cinerama || coisas do arco da velha || complexidade e contradição || córtex frontal [off] || crítico musical [off] || dados pessoais || da literatura || devaneios || diário de sombras || dias assim || dias felizes || dias im[perfeitos] || dias úteis || educação irracional || entre estantes || explodingdog > building a world || f, world [guests only] || fogo posto || francisco josé viegas - crónicas || french kissin' || gato vadio [livraria] || guilhermina suggia || guitarra de coimbra 4 [off] || húmus. blogue rascunho.net || il miglior fabbro || imitation of life || indústrias culturais || inércia introversão intusiasmo || insónia || interlúdio || irmão lúcia || jugular || lei e ordem || lei seca [guests only] || leitura partilhada || ler || literatura e arte || little black spot || made in lisbon || maiúsculas [off] || mais actual || medo do medo || menina limão || menino mau || miss pearls || modus vivendi || monsieur|ego || moody swing || morfina || mundo pessoa || noite americana || nuno gomes lopes || nu singular || o amigo do povo || o café dos loucos || o mundo de cláudia || o que cai dos dias || os livros ardem mal || os meus livros || oldies and goldies || orgia literária || ouriquense || paulo pimenta diários || pedro rolo duarte || pequenas viagens || photospathos || pipoco mais salgado || pó dos livros || poesia || poesia & lda. || poetry café || ponto media || poros || porto (.) ponto || postcard blues [off] || post secret || p.q.p. bach || pura coincidência || quadripolaridades || quarta república || quarto interior || quatro caminhos || quintas de leitura || rua da judiaria || saídos da concha || são mamede - cae de guimarães || sem compromisso || semicírculo || sem pénis nem inveja || sem-se-ver || sound + vision || teatro anatómico || the ballad of the broken birdie || the sartorialist || theoria poiesis praxis || theatro circo || there's only 1 alice || torreão sul || ultraperiférico || um amor atrevido || um blog sobre kleist || um voo cego a nada || vida breve || vidro duplo || vodka 7 || vontade indómita || voz do deserto || we'll always have paris || zarp.blog

cultura e lazer

agenda cultural de braga || agenda cultura de évora || agenda cultural de lisboa || agenda cultural do porto || agenda cultural do ministério da cultura || agenda cultural da universidade de coimbra || agenda de concertos - epilepsia emocional || amo.te || biblioteca nacional || CAE figueira da foz || café guarany || café majestic || café teatro real feitorya || caixa de fantasia || casa agrícola || casa das artes de vila nova de famalicão || casa da música || centro cultural de belém || centro nacional de cultura || centro português de fotografia || cinecartaz || cinema 2000 || cinema passos manuel || cinema português || cinemas medeia || cinemateca portuguesa || clube de leituras || clube literário do porto || clube português artes e ideias || coliseu do porto || coliseu dos recreios || companhia nacional de bailado || culturgest || culturgest porto || culturporto [rivoli] || culturweb || delegação regional da cultura do alentejo || delegação regional da cultura do algarve || delegação regional da cultura do centro || delegação regional da cultura do norte || e-cultura || egeac || era uma vez no porto || europarque || fábrica de conteúdos || fonoteca || fundação calouste gulbenkian || fundação de serralves || fundação engenheiro antónio almeida || fundação mário soares || galeria zé dos bois || hard club || instituto das artes || instituto do cinema, audiovisual e multimédia || instituto português da fotografia || instituto português do livro e da biblioteca || maus hábitos || mercado das artes || mercado negro || museu nacional soares dos reis || o porto cool || plano b || porto XXI || rede cultural || santiago alquimista || são mamede - centro de artes e espectáculos de guimarães || sapo cultura || serviço de música da fundação calouste gulbenkian || teatro académico gil vicente || teatro aveirense || teatro do campo alegre || theatro circo || teatro helena sá e costa || teatro municipal da guarda || teatro nacional de são carlos || teatro nacional de são joão || teatropólis || ticketline || trintaeum. café concerto rivoli

leituras e informação

365 [revista] || a cabra - jornal universitário de coimbra || a oficina [centro cultural vila flor - guimarães] || a phala || afrodite [editora] || águas furtadas [revista] || angelus novus [editora] || arquitectura viva || arte capital || assírio & alvim [editora] || associação guilhermina suggia || attitude [revista] || blitz [revista] || bodyspace || book covers || cadernos de tipografia || cosmorama [editora] || courrier international [jornal] || criatura revista] || crí­tica || diário de notícias [jornal] || el paí­s [jornal] || el mundo [jornal] || entre o vivo, o não-vivo e o morto || escaparate || eurozine || expresso [jornal] || frenesi [editora] || goldberg magazine [revista] || granta [revista] || guardian unlimited [jornal] || guimarães editores [editora] || jazz.pt || jornal de negócios [jornal] || jornal de notí­cias [jornal] || jusjornal [jornal] || kapa [revista] || la insignia || le cool [revista] || le monde diplomatique [jornal] || memorandum || minguante [revista] || mondo bizarre || mundo universitário [jornal] || os meus livros || nada || objecto cardí­aco [editora] || pc guia [revista] || pnethomem || pnetmulher || poets [AoAP] || premiere [revista] || prisma.com [revista] || público pt [jornal] || público es [jornal] || revista atlântica de cultura ibero-americana [revista] || rezo.net || rolling stone [revista] || rua larga [revista] || sol [jornal] || storm magazine [revista] || time europe [revista] || trama [editora] || TSF [rádio] || vanity fair [revista] || visão [revista]

direitos de autor dos textos

Os direitos de autor dos textos publicados neste blogue, com excepção das citações com autoria devidamente identificada, pertencem a © 2008-2019 Marta Madalena Botelho. É proibida a sua reprodução, ainda que com referência à autoria. Todos os direitos reservados.

direitos de autor das imagens

Os direitos de autor de todas as imagens publicadas neste blogue cuja autoria ou fonte não sejam identificadas como pertencendo a outras pessoas ou entidades pertencem a © 2008-2019 Marta Madalena Botelho. É proibida a sua reprodução ainda que com referência à autoria. Todos os direitos reservados.

algumas notas importantes sobre os direitos de autor

» O âmbito do direito de autor e os direitos conexos incidem a sua protecção sobre duas realidades: a tutela das obras e o reconhecimento dos respectivos direitos aos seus autores.
» O direito de autor protege as criações intelectuais do domínio literário, científico e artístico, por qualquer modo exteriorizadas.
» Obras originais são as criações intelectuais do domínio literário, científico e artístico, qualquer que seja o seu género, forma de expressão, mérito, modo de comunicação ou objecto.
» Uma obra encontra-se protegida, logo que é criada e fixada sob qualquer tipo de forma tangível de modo directo ou com a ajuda de uma máquina.
» A protecção das obras não está sujeita a formalização alguma. O direito de autor constitui-se pelo simples facto da criação, independentemente da sua divulgação, publicação, utilização ou registo.
» O titular da obra é, salvo estipulação em contrário, o seu criador.
» A obra não depende do conhecimento pelo público. Ela existe independente da sua divulgação, publicação, utilização ou exploração, apenas se lhe impondo, para beneficiar de protecção, que seja exteriorizada sob qualquer modo.
» O direito de autor pertence ao criador intelectual da obra, salvo disposição expressa em contrário.