13.12.11

as palavras dos outros

Uma das melhores "etiquetas" que este blogue tem é "citações". Diz imenso sobre mim e sobre o que penso com as palavras dos outros e (sem qualquer pedido de perdão pela imodéstia que é inteiramente assumida) isso é um inegável sinal de inteligência: usar as palavras dos outros para dizer o que queremos dizer tem muitas vezes muito mais impacto do que usar as nossas.

[Todavia, isto é muito diferente do ser mero "macaquinho de repetição" do que os outros dizem. Há pessoas que, às vezes, abrem a boca para falar ou os blogues para escrever e tudo o que lhes sai é um chorrilho de frases idênticas às que já ouvimos a outra pessoa (regra geral, a uma pessoa que lhes é próxima). É patético que o façam com qualquer pessoa, mas torna-se ainda mais patético que o façam perante pessoas como eu, que têm memória de elefante e imediatamente vão identificar "a fonte". E quando se acabarem as frases feitas, o que farão? Eu cá tenho uma ideia, que já vi fazer a outros: pegarão no telemóvel, farão uma chamada e dirão: «Já disse tudo o que me disseste, mas não resultou. E agora, o que é que eu faço?». É só uma ideia, nem sequer seria novidade.]

Mas adiante, que eu não quero dispersar-me do objectivo do meu texto que era, uma vez mais, recorrer às palavras alheias para expressar o que sinto neste momento, palavras alheias essas que o farão muito melhor do que as minhas. Com efeito, há um ditado galego que diz assim: «río abaixo vai un tonto, deixar ir que a súa intención leva». Eu sou o tonto, como é óbvio. Deixai-me ir, portanto, que a minha intenção levo, ainda que, aqui e ali, possa parecer que não. Eu sei que vou chegar a algum lado e isso é tudo o que importa e não, não tenho de andar para aí a gritar aos quatro ventos qual é a minha meta. «Live and let live», como dizem os britânicos. Olha, mais um ditado (e o título de uma canção do Cole Porter). Eu bem digo que isto está tudo inventado desde a Babilónia Antiga.

© [m.m. botelho]

12.12.11

«life is never kind»


The Smiths. «I don't owe you anything».
Do álbum «I don't owe you anything» [1984].

11.12.11

instantâneos [42]

[visto aqui]

9.12.11

t-shirt lisa e branca

fonte: web
[autoria impossível de identificar]

O que eu e John Lennon temos em comum é que morremos (ele) e nascemos (eu) ambos no mesmo ano (1980) e somos (eu, porque ele "era") ambos pacifistas.

De resto, Lennon defendia e sonhava com uma data de coisas com as quais eu não concordo porque não creio que seja através delas que o mundo poderia resolver os seus problemas e se tornaria no local paradisíaco que ele proclamava.

A sua fotografia de que eu mais gosto é a que ilustra este post: Um John jovem, de t-shirt lisa e branca, segurando a cabeça com a mão (uma das minhas posições favoritas para escutar as pessoas) e uns óculos de massa que lhe assentavam tão bem. Ao contrário da maioria das pessoas, eu gosto mais deste Lennon do que do mais velho.

Morreu a 09/12/1980. Faz hoje 31 anos.

© [m.m. botelho]

amargo de boca

Abomino gente mentirosa. Considero aberrante gente que eterniza situações com trotes, que prolonga coisas que podiam estar esclarecidas há séculos desde que a verdade, por muito que envergonhasse, fosse admitida. Cada um assumia a sua quota de responsabilidade, pagava os encargos que lhe incumbissem e ia à sua vida.

A mentira corrói, destrói as relações - ou o pouco que resta delas - e afasta definitiva e irremediavelmente as pessoas.

A maior parte das vezes, prolongar estas situações é não só desnecessário como contraproducente. Do pouco que podia aproveitar-se, fica nada. E o nada é quase sempre sinónimo de amargo de boca para os que ainda dão para esse peditório.

Não é o meu caso. Felizmente, já não é o meu caso.

© [m.m. botelho]

7.12.11

«o caminho correcto e único não existe»

«"Você tem o seu caminho.
Eu tenho o meu.
O caminho correto e único não existe."

Eis o trecho de um poema de Robert Frost:
"Diante de mim havia duas estradas.
Escolhi a estrada menos percorrida
E isso fez toda a diferença."

Seguindo a mesma linha, M. Scott Peck, em "A trilha menos percorrida", adverte que nada é fácil quando saímos da rota mais comum: "É humano – e sábio – temer o desconhecido, ficar ao menos um pouco apreensivo ao embarcar em uma aventura. No entanto, é somente com as aventuras que aprendemos coisas importantes."

Ele explica, em seu livro, que o crescimento pessoal é uma tarefa árdua e complexa, que dura a vida toda, e um caminho no qual não existem muitos atalhos, basicamente(*) porque os atalhos são construídos, passo a passo, com as pegadas das próprias pessoas. No entanto, essa maneira de caminhar em direção ao desconhecido contém sabedoria e realização.

Para Peck,
"é provável que nossos momentos mais sublimes ocorram quando nos sentirmos profundamente abatidos, infelizes ou descontentes. É somente nesses momentos que, movidos pela insatisfação, seremos capazes de sair da trilha já percorrida e buscar respostas mais verdadeiras em outros caminhos."»
Allan Percy, in «Nietzsche Para Estressados: 99 Doses de Filosofia
para Despertar a Mente e Combater as Preocupações»
[2011],
editora Sextante [Brasil], p. 94, citação 88.

Mesmo em português do "Brasiú" porque (ainda) não foi editado por cá, um livro que vale a pena ler, para rir, chorar e, acima de tudo, relembrar que sob aquele fatalismo (e bigode) todo, Nietzsche era um génio da simplicidade, a genialidade provavelmente mais rara de encontrar e mais fascinante de descobrir.

(*) E o que eu embirro com a expressão "basicamente", senhores? "Basicamente" quer dizer, "basicamente", o quê? Palavra de honra que não estou a ser picuinhas, mas "basicamente" quer dizer, "basicamente", nada ou, como diria o próprio Nietszche, "nihil". Basta dizer a frase sem a palavra para perceber que não altera nada, absolutamente nada, o seu significado. Pois é.

© [m.m. botelho]

descubra as diferenças

Encomenda na loja online da «Apple» em 25/11/2011 (produto imediatamente disponível, com prazo de entrega em cinco dias úteis, dizem eles): entrega em 29/11/2011 (note-se que dias 26 e 27/11 foram sábado e domingo);
Encomenda na loja online da «FNAC» em 25/11/2011 (produto imediatamente disponível, com pedido de entrega por CTT Express, o que equivale a entrega no prazo de um dia útil, dizem eles): entrega em 07/12/2011.

[Parece que não é só no Reino da Dinamarca que algo está podre, caro Hamlet. Na República de Portugal e no que respeita às compras via lojas online, as coisas também já conheceram dias bem melhores.]

© [m.m. botelho]

5.12.11

ver o nascer do sol

Acordar às 6h30 para estar a bulir 20 minutos depois não é coisa que eu imaginasse conseguir fazer, por exemplo, há um ano. A realidade é que, um ano volvido, consigo. A verdade é que, desde há uns meses, o meu corpo é um "relógio despertador" que procura deitar-se sempre à mesma hora, adormece quase sempre à mesma hora e acorda sistematicamente oito horas depois, às vezes sete. Levei muito tempo, cerca de um ano, a "autodisciplinar" aquilo que andei anos a "desregular", mas consegui.

Agora, estou tão "despertador", que se tenho alguma preocupação ou algum compromisso em mente, sucede-me com frequência acordar assim, a estas horas fantásticas, ainda o dia não se fez. E tenho tempo para tudo e mais alguma coisa, até para escrever posts ao pequeno-almoço, enquanto espreito os jornais do dia.

Não deixei de estudar, de investigar, de ler, de ouvir música, de ver filmes. Faço tudo isso, mas faço-o durante o dia. Por exemplo, o que antigamente gostava imenso de fazer à noite (ler), agora faço a meio da manhã, como intervalo e garanto que é igualmente prazeroso. Claro que não resisto a ler quatro ou cinco páginas antes de adormecer, mas não passa disso, de quatro ou cinco páginas e já não de capítulos inteiros, como sucedia antes.

Isto tudo por aqui já não anda a mudar, já mudou. E eu gosto muito destas mudanças. Das grandes janelas do meu escritório vou ver o nascer do sol e isso é um privilégio que nenhum de nós, se fosse suficientemente perspicaz, deveria desperdiçar. Quando era miúda, gostava de o ver antes de ir dormir. Agora que sou mais graúda, vejo-o antes de começar a trabalhar. O importante, mesmo, é não deixar de o ver se gostar de o fazer.

[Nota: articular este texto com a canção do post anterior. Talvez assim um e outro façam mais sentido.]

© [m.m. botelho]

(time) better not stop


«We trust», projecto de André Tentugal. «Time (better not stop)».
Do álbum «These new countries» [2011].

3.12.11

uma possibilidade de definição [3]

visto aqui

eu

[m.m. botelho] || Marta Madalena Botelho
blogues: viagens interditas [textos] || vermelho.intermitente [textos]
e-mail: viagensinterditas @ gmail . com [remover os espaços]

blogues

os meus refúgios || 2 dedos de conversa || 30 and broke || a causa foi modificada [off] || a cidade dos prodígios || a cidade surpreendente || a curva da estrada || a destreza das dúvidas || a dobra do grito || a livreira anarquista || a mulher que viveu duas vezes || a outra face da cidade surpreendente || a minha vida não é isto || a montanha mágica || a namorada de wittgenstein || a natureza do mal || a tempo e a desmodo || a terceira noite || as folhas ardem || aba da causa || adufe || ágrafo || ainda não começámos a pensar || albergue dos danados || alexandre soares silva [off] || almocreve das petas [off] || animais domésticos || associação josé afonso || ana de amsterdam || antónio sousa homem || atum bisnaga || avatares de um desejo || beira-tejo || blecaute-boi || bibliotecário de babel || blogtailors || blogue do jornal de letras || bolha || bomba inteligente || cadeirão voltaire || café central || casadeosso || causa nossa || ciberescritas || cibertúlia || cine highlife || cinerama || coisas do arco da velha || complexidade e contradição || córtex frontal [off] || crítico musical [off] || dados pessoais || da literatura || devaneios || diário de sombras || dias assim || dias felizes || dias im[perfeitos] || dias úteis || educação irracional || entre estantes || explodingdog > building a world || f, world [guests only] || fogo posto || francisco josé viegas - crónicas || french kissin' || gato vadio [livraria] || guilhermina suggia || guitarra de coimbra 4 [off] || húmus. blogue rascunho.net || il miglior fabbro || imitation of life || indústrias culturais || inércia introversão intusiasmo || insónia || interlúdio || irmão lúcia || jugular || lei e ordem || lei seca [guests only] || leitura partilhada || ler || literatura e arte || little black spot || made in lisbon || maiúsculas [off] || mais actual || medo do medo || menina limão || menino mau || miss pearls || modus vivendi || monsieur|ego || moody swing || morfina || mundo pessoa || noite americana || nuno gomes lopes || nu singular || o amigo do povo || o café dos loucos || o mundo de cláudia || o que cai dos dias || os livros ardem mal || os meus livros || oldies and goldies || orgia literária || ouriquense || paulo pimenta diários || pedro rolo duarte || pequenas viagens || photospathos || pipoco mais salgado || pó dos livros || poesia || poesia & lda. || poetry café || ponto media || poros || porto (.) ponto || postcard blues [off] || post secret || p.q.p. bach || pura coincidência || quadripolaridades || quarta república || quarto interior || quatro caminhos || quintas de leitura || rua da judiaria || saídos da concha || são mamede - cae de guimarães || sem compromisso || semicírculo || sem pénis nem inveja || sem-se-ver || sound + vision || teatro anatómico || the ballad of the broken birdie || the sartorialist || theoria poiesis praxis || theatro circo || there's only 1 alice || torreão sul || ultraperiférico || um amor atrevido || um blog sobre kleist || um voo cego a nada || vida breve || vidro duplo || vodka 7 || vontade indómita || voz do deserto || we'll always have paris || zarp.blog

cultura e lazer

agenda cultural de braga || agenda cultura de évora || agenda cultural de lisboa || agenda cultural do porto || agenda cultural do ministério da cultura || agenda cultural da universidade de coimbra || agenda de concertos - epilepsia emocional || amo.te || biblioteca nacional || CAE figueira da foz || café guarany || café majestic || café teatro real feitorya || caixa de fantasia || casa agrícola || casa das artes de vila nova de famalicão || casa da música || centro cultural de belém || centro nacional de cultura || centro português de fotografia || cinecartaz || cinema 2000 || cinema passos manuel || cinema português || cinemas medeia || cinemateca portuguesa || clube de leituras || clube literário do porto || clube português artes e ideias || coliseu do porto || coliseu dos recreios || companhia nacional de bailado || culturgest || culturgest porto || culturporto [rivoli] || culturweb || delegação regional da cultura do alentejo || delegação regional da cultura do algarve || delegação regional da cultura do centro || delegação regional da cultura do norte || e-cultura || egeac || era uma vez no porto || europarque || fábrica de conteúdos || fonoteca || fundação calouste gulbenkian || fundação de serralves || fundação engenheiro antónio almeida || fundação mário soares || galeria zé dos bois || hard club || instituto das artes || instituto do cinema, audiovisual e multimédia || instituto português da fotografia || instituto português do livro e da biblioteca || maus hábitos || mercado das artes || mercado negro || museu nacional soares dos reis || o porto cool || plano b || porto XXI || rede cultural || santiago alquimista || são mamede - centro de artes e espectáculos de guimarães || sapo cultura || serviço de música da fundação calouste gulbenkian || teatro académico gil vicente || teatro aveirense || teatro do campo alegre || theatro circo || teatro helena sá e costa || teatro municipal da guarda || teatro nacional de são carlos || teatro nacional de são joão || teatropólis || ticketline || trintaeum. café concerto rivoli

leituras e informação

365 [revista] || a cabra - jornal universitário de coimbra || a oficina [centro cultural vila flor - guimarães] || a phala || afrodite [editora] || águas furtadas [revista] || angelus novus [editora] || arquitectura viva || arte capital || assírio & alvim [editora] || associação guilhermina suggia || attitude [revista] || blitz [revista] || bodyspace || book covers || cadernos de tipografia || cosmorama [editora] || courrier international [jornal] || criatura revista] || crí­tica || diário de notícias [jornal] || el paí­s [jornal] || el mundo [jornal] || entre o vivo, o não-vivo e o morto || escaparate || eurozine || expresso [jornal] || frenesi [editora] || goldberg magazine [revista] || granta [revista] || guardian unlimited [jornal] || guimarães editores [editora] || jazz.pt || jornal de negócios [jornal] || jornal de notí­cias [jornal] || jusjornal [jornal] || kapa [revista] || la insignia || le cool [revista] || le monde diplomatique [jornal] || memorandum || minguante [revista] || mondo bizarre || mundo universitário [jornal] || os meus livros || nada || objecto cardí­aco [editora] || pc guia [revista] || pnethomem || pnetmulher || poets [AoAP] || premiere [revista] || prisma.com [revista] || público pt [jornal] || público es [jornal] || revista atlântica de cultura ibero-americana [revista] || rezo.net || rolling stone [revista] || rua larga [revista] || sol [jornal] || storm magazine [revista] || time europe [revista] || trama [editora] || TSF [rádio] || vanity fair [revista] || visão [revista]

direitos de autor dos textos

Os direitos de autor dos textos publicados neste blogue, com excepção das citações com autoria devidamente identificada, pertencem a © 2008-2019 Marta Madalena Botelho. É proibida a sua reprodução, ainda que com referência à autoria. Todos os direitos reservados.

direitos de autor das imagens

Os direitos de autor de todas as imagens publicadas neste blogue cuja autoria ou fonte não sejam identificadas como pertencendo a outras pessoas ou entidades pertencem a © 2008-2019 Marta Madalena Botelho. É proibida a sua reprodução ainda que com referência à autoria. Todos os direitos reservados.

algumas notas importantes sobre os direitos de autor

» O âmbito do direito de autor e os direitos conexos incidem a sua protecção sobre duas realidades: a tutela das obras e o reconhecimento dos respectivos direitos aos seus autores.
» O direito de autor protege as criações intelectuais do domínio literário, científico e artístico, por qualquer modo exteriorizadas.
» Obras originais são as criações intelectuais do domínio literário, científico e artístico, qualquer que seja o seu género, forma de expressão, mérito, modo de comunicação ou objecto.
» Uma obra encontra-se protegida, logo que é criada e fixada sob qualquer tipo de forma tangível de modo directo ou com a ajuda de uma máquina.
» A protecção das obras não está sujeita a formalização alguma. O direito de autor constitui-se pelo simples facto da criação, independentemente da sua divulgação, publicação, utilização ou registo.
» O titular da obra é, salvo estipulação em contrário, o seu criador.
» A obra não depende do conhecimento pelo público. Ela existe independente da sua divulgação, publicação, utilização ou exploração, apenas se lhe impondo, para beneficiar de protecção, que seja exteriorizada sob qualquer modo.
» O direito de autor pertence ao criador intelectual da obra, salvo disposição expressa em contrário.