No seguimento da forte contestação de que foi alvo a Directiva 2/2009, de 30 de Julho, da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que determinou que «os órgãos de comunicação social que possuam como colaboradores regulares, em espaços de opinião, na qualidade de comentadores, analistas, colunistas ou outra forma de colaboração equivalente, membros efectivos e suplentes das listas de candidatos aos actos eleitorais a realizar ainda no ano corrente - eleições Legislativas e Autárquicas - deverão suspender essa participação e colaboração desde a data de apresentação formal da lista da respectiva candidatura no Tribunal Constitucional até ao dia seguinte ao da realização do acto eleitoral», Azeredo Lopes, presidente da ERC, concedeu uma entrevista ao jornal i.
Sobre a entrevista, duas notas:
I. Há que reconhecer que o professor de Direito não deve nem teme. Aceitou a difícil tarefa de presidir à Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), não receando assumir posições contra os interesses seja de quem for, desde que para salvaguarda dos princípios a que a sua função o obriga. Isso é cada vez mais raro em Portugal, no mundo, até, o que é suficiente para ser digno de nota.
II. Da entrevista, que vale a pena ler integralmente, sublinho uma pergunta e uma resposta, que traduzem bem aquilo que é também a minha opinião sobre o estado actual do jornalismo que tem vindo a ser feito entre nós e que tem merecido alguns comentários meus, especialmente nas matérias que se relacionam com assuntos jurídicos.
P: O jornalista português tem pouca margem para ser independente?
R: Não é tanto para ser independente, é para ser competente. A construção de uma peça exige tempo, reflexão, especialização, mas hoje o jornalismo está confrontado com uma exigência omnívora: o jornalista tem de tocar em economia, política, sociedade, fazer isto e aquilo para amanhã e adaptar o texto para vários formatos. Esses aspectos sim, põem em causa a capacidade de fazer a investigação e respeitar princípios básicos da profissão, como o contraditório, ou evitar o anonimato das fontes - que era uma excepção e agora é regra.
© Marta Madalena Botelho
Sobre a entrevista, duas notas:
I. Há que reconhecer que o professor de Direito não deve nem teme. Aceitou a difícil tarefa de presidir à Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), não receando assumir posições contra os interesses seja de quem for, desde que para salvaguarda dos princípios a que a sua função o obriga. Isso é cada vez mais raro em Portugal, no mundo, até, o que é suficiente para ser digno de nota.
II. Da entrevista, que vale a pena ler integralmente, sublinho uma pergunta e uma resposta, que traduzem bem aquilo que é também a minha opinião sobre o estado actual do jornalismo que tem vindo a ser feito entre nós e que tem merecido alguns comentários meus, especialmente nas matérias que se relacionam com assuntos jurídicos.
P: O jornalista português tem pouca margem para ser independente?
R: Não é tanto para ser independente, é para ser competente. A construção de uma peça exige tempo, reflexão, especialização, mas hoje o jornalismo está confrontado com uma exigência omnívora: o jornalista tem de tocar em economia, política, sociedade, fazer isto e aquilo para amanhã e adaptar o texto para vários formatos. Esses aspectos sim, põem em causa a capacidade de fazer a investigação e respeitar princípios básicos da profissão, como o contraditório, ou evitar o anonimato das fontes - que era uma excepção e agora é regra.
© Marta Madalena Botelho