Quando, há um ano, escrevi isto, acreditava, desejava, ansiava por um cenário muito diferente daquele em que, um ano depois, me encontro. Então, imaginava que voltaria aqui com o peito cheio de conquista, de sabor de vitória, de sensação de dever cumprido, de reforço de tudo o que havia de bom. O percurso não era só meu, mas também era meu e por isso me era permitido crer em tudo isto.
Não voltei. Não interessa como é que voltei, só interessa que não voltei como imaginei há um ano que voltaria. A vida é mesmo assim, dá voltas e voltas, surpreende-nos, confronta-nos com o que não tínhamos sequer como possível, faz tremer o chão debaixo dos nossos pés, abala muitas das nossas convicções (mesmo as mais profundas), obriga-nos a repensar tudo, a testar as nossas forças, as nossas capacidades, os nossos limites.
Viver é mesmo isso. De um dia para o outro, tudo muda, porque não há certezas de nada, apenas da finitude, essa ideia que ora nos faz temer dar passos, ora nos faz querer dá-los com a ânsia de tudo fazer antes que tudo se acabe.
Há um ano, eu sabia que estava a começar uma montanha-russa na minha vida. O que eu não sabia era como chegaria ao fim da viagem. Tive a ousadia de sonhar com um final feliz, daqueles dos livros de histórias infantis, que não veio a cumprir-se. Ficou-me a ousadia do sonho, da qual não me arrependo nem por um instante.
Há um ano, quando escrevi isto, acreditei mesmo que hoje estaria a escrever um texto bem diferente deste. Não estou. Talvez precisamente porque não estou conclua agora que fiz bem em tê-lo sonhado, porque ao menos no mundo dos meus desejos e crenças, aquele texto que hoje não escrevo existiu.
Imaginei algo que não se concretizou, mas não deixei de sonhar. Não sei onde estarei daqui a um ano, mas hoje sei que, daqui a um ano, quero voltar a escrever um texto. Porque não é porque um sonho não se cumpriu que eu perdi a capacidade de os projectar. Muito pelo contrário.
© [m.m. botelho]
Não voltei. Não interessa como é que voltei, só interessa que não voltei como imaginei há um ano que voltaria. A vida é mesmo assim, dá voltas e voltas, surpreende-nos, confronta-nos com o que não tínhamos sequer como possível, faz tremer o chão debaixo dos nossos pés, abala muitas das nossas convicções (mesmo as mais profundas), obriga-nos a repensar tudo, a testar as nossas forças, as nossas capacidades, os nossos limites.
Viver é mesmo isso. De um dia para o outro, tudo muda, porque não há certezas de nada, apenas da finitude, essa ideia que ora nos faz temer dar passos, ora nos faz querer dá-los com a ânsia de tudo fazer antes que tudo se acabe.
Há um ano, eu sabia que estava a começar uma montanha-russa na minha vida. O que eu não sabia era como chegaria ao fim da viagem. Tive a ousadia de sonhar com um final feliz, daqueles dos livros de histórias infantis, que não veio a cumprir-se. Ficou-me a ousadia do sonho, da qual não me arrependo nem por um instante.
Há um ano, quando escrevi isto, acreditei mesmo que hoje estaria a escrever um texto bem diferente deste. Não estou. Talvez precisamente porque não estou conclua agora que fiz bem em tê-lo sonhado, porque ao menos no mundo dos meus desejos e crenças, aquele texto que hoje não escrevo existiu.
Imaginei algo que não se concretizou, mas não deixei de sonhar. Não sei onde estarei daqui a um ano, mas hoje sei que, daqui a um ano, quero voltar a escrever um texto. Porque não é porque um sonho não se cumpriu que eu perdi a capacidade de os projectar. Muito pelo contrário.
© [m.m. botelho]