fonte: visto aqui
«- Esquecemo-nos de algumas coisas, não é?
- Sim. Esquecemo-nos do que queríamos recordar e recordamos o que queríamos esquecer.»
- Sim. Esquecemo-nos do que queríamos recordar e recordamos o que queríamos esquecer.»
Cormac McCarthy, «A Estrada» [2006]
Quem, como eu, foi amaldiçoado com uma memória muito mais prodigiosa do que seria necessário, vê-se forçado a, now and then, ter de fazer exercícios de desmemorização. São uma espécie de "treinamento do esquecimento", que exige, antes de mais, uma enorme focalização no próprio e uma resistência absoluta ao que é exterior e nos desvia de nós mesmos. Depois, é necessário que se tracem objectivos que constituam possibilidades de reforço pessoal que e se invistam neles todas as energias possíveis.
Este é um processo lento e exigente, mas é talvez o único modo de reduzir as proporções do que a memória teima em registar. A desmemorização completa não é possível, mas a diminuição do espaço que as coisas ocupam na nossa cabeça é, relegá-las para um plano secundário é. Não é fácil, mas com a devida concentração faz-se. Porque, tendo em mente que é o melhor para nós, tudo se faz. Tudo mesmo. Só parece que não quando nem sequer se tenta.
© [m.m. botelho]
Este é um processo lento e exigente, mas é talvez o único modo de reduzir as proporções do que a memória teima em registar. A desmemorização completa não é possível, mas a diminuição do espaço que as coisas ocupam na nossa cabeça é, relegá-las para um plano secundário é. Não é fácil, mas com a devida concentração faz-se. Porque, tendo em mente que é o melhor para nós, tudo se faz. Tudo mesmo. Só parece que não quando nem sequer se tenta.
© [m.m. botelho]