Dada a minha complicada relação com tudo o que implique estar parada sem estímulo intelectual durante mais do que dez minutos, eu sabia que não conseguiria assistir a todo o jogo de ontem entre o Fóculporto e o Sporting. Assim sendo, não foi mau de todo ter chegado a tempo de ver apenas a segunda parte e, mesmo assim, com algum sofrimento. Não fosse a belíssima companhia, que sempre me recebe tão bem, e as bocas que íamos trocando e eu, que sou aquela sujeita que aguenta quatro ou cinco dias sem pregar olho, teria adormecido em frente ao televisor num fósforo.
Em suma, ontem relembrei que não devemos negar à partida o interesse de uma aventura à qual nunca nos propusemos. Afianço que é possível juntar numa mesma sala uma sportinguista doente, uma portista bastante convicta e uma sportinguista simpatizante (esta última, como é óbvio, sou eu) e nenhuma de nós sair de lá com o mínimo arranhão. Porque, tal como sucede com o verniz com que se pintam as unhas, não são as camisolas que se envergam que fazem das pessoas gente boa, mas sim o carácter que essas pessoas têm. E, sem falsa modéstia, estavam ali três pessoas em condições, que souberam respeitar-se apesar das suas diferenças e para quem a amizade fala muito mais alto do que qualquer outra coisa.
Consta que para a semana há outro jogo qualquer importante (tão importante que eu nem memorizei qual é) e eu já fui convidada para repetir a dose, embora ainda não tenha aceitado porque estou para ver os efeitos secundários que a noite de ontem terá na minha sanidade mental. Era só mesmo o que me faltava agora, ficar fã destas coisas da bola! Mas aposto que se levar um livro e me puser a ler, ninguém dá por nada. Afinal de contas, eu não percebo nada daquilo e o resto da malta está ali concentradíssima a analisar o jogo, por isso basta-me dizer de vez em quando que «É falta!» e os noventa minutos passam num instantinho. Bom, tudo dependerá dos efeitos secundários. Vamos lá, então, ver se isto não fica pior.
© [m.m. botelho]
Em suma, ontem relembrei que não devemos negar à partida o interesse de uma aventura à qual nunca nos propusemos. Afianço que é possível juntar numa mesma sala uma sportinguista doente, uma portista bastante convicta e uma sportinguista simpatizante (esta última, como é óbvio, sou eu) e nenhuma de nós sair de lá com o mínimo arranhão. Porque, tal como sucede com o verniz com que se pintam as unhas, não são as camisolas que se envergam que fazem das pessoas gente boa, mas sim o carácter que essas pessoas têm. E, sem falsa modéstia, estavam ali três pessoas em condições, que souberam respeitar-se apesar das suas diferenças e para quem a amizade fala muito mais alto do que qualquer outra coisa.
Consta que para a semana há outro jogo qualquer importante (tão importante que eu nem memorizei qual é) e eu já fui convidada para repetir a dose, embora ainda não tenha aceitado porque estou para ver os efeitos secundários que a noite de ontem terá na minha sanidade mental. Era só mesmo o que me faltava agora, ficar fã destas coisas da bola! Mas aposto que se levar um livro e me puser a ler, ninguém dá por nada. Afinal de contas, eu não percebo nada daquilo e o resto da malta está ali concentradíssima a analisar o jogo, por isso basta-me dizer de vez em quando que «É falta!» e os noventa minutos passam num instantinho. Bom, tudo dependerá dos efeitos secundários. Vamos lá, então, ver se isto não fica pior.
© [m.m. botelho]