Ontem à noite vi, finalmente, o filme «Black Swan». Depois de também ter visto «The King's Speech», não percebo como é que foi este e não o filme de Darren Aronofsky a ganhar o Oscar de melhor filme, mas, enfim, a Academia lá terá tido as suas razões.
Em «The King's Speech» os diálogos são muito intensos. Em «Black Swan» passa-se justamente o contrário. As palavras são escassas, as sequências de diálogos são curtas. O filme vive muito das imagens, da música, da leitura que o próprio espectador tem de fazer daquilo que vai vendo e ouvindo, como se as palavras, não estando lá, tivessem de ser lá postas por nós.
A personagem Beth, interpretada por Winona Ryder, é muito mais importante e desestabilizadora do que à primeira vista parece. Ela encarna tudo aquilo que Nina, a personagem de Natalie Portman, deseja e repele, em simultâneo. Ela é, na vida real, Odette (o Cisne Branco) e Odile (o Cisne Negro), a conjugação dos dois lados que Nina só consegue soltar no palco e que no dia-a-dia se recusa a encarar.
Uma vez mais, trata-se do confronto de cada um de nós com dois dos muitos lados que todos temos. Se em «The King's Speech» somos alertados para a necessidade de desenvolver a capacidade de resiliência, em «Black Swan» somos confrontados com a importância do reconhecimento da existência do nosso lado menos bom (o nosso Cisne Negro) a par do nosso lado bom (o nosso Cisne Branco).
O filme termina com a personagem Nina dizendo a frase «I was perfect». Talvez ela tenha razão quando o afirma: só quando aceitamos a existência dos dois cisnes dentro de nós é que atingimos o estado de equilíbrio. Talvez esse equilíbrio seja, no fundo, a perfeição que todos buscamos.
© [m.m. botelho]
Em «The King's Speech» os diálogos são muito intensos. Em «Black Swan» passa-se justamente o contrário. As palavras são escassas, as sequências de diálogos são curtas. O filme vive muito das imagens, da música, da leitura que o próprio espectador tem de fazer daquilo que vai vendo e ouvindo, como se as palavras, não estando lá, tivessem de ser lá postas por nós.
A personagem Beth, interpretada por Winona Ryder, é muito mais importante e desestabilizadora do que à primeira vista parece. Ela encarna tudo aquilo que Nina, a personagem de Natalie Portman, deseja e repele, em simultâneo. Ela é, na vida real, Odette (o Cisne Branco) e Odile (o Cisne Negro), a conjugação dos dois lados que Nina só consegue soltar no palco e que no dia-a-dia se recusa a encarar.
Uma vez mais, trata-se do confronto de cada um de nós com dois dos muitos lados que todos temos. Se em «The King's Speech» somos alertados para a necessidade de desenvolver a capacidade de resiliência, em «Black Swan» somos confrontados com a importância do reconhecimento da existência do nosso lado menos bom (o nosso Cisne Negro) a par do nosso lado bom (o nosso Cisne Branco).
O filme termina com a personagem Nina dizendo a frase «I was perfect». Talvez ela tenha razão quando o afirma: só quando aceitamos a existência dos dois cisnes dentro de nós é que atingimos o estado de equilíbrio. Talvez esse equilíbrio seja, no fundo, a perfeição que todos buscamos.
© [m.m. botelho]