O meu Avô faz hoje 82 anos. Enquanto escrevo a frase, reparo que nem por um instante me ocorreu escrever «Se fosse vivo, o meu Avô faria 82 anos». Sei bem porquê.
Acredito que enquanto as pessoas moram dentro de nós, na nossa memória, mesmo que hajam desaparecido do plano palpável, concreto e espacio-temporalmente definido em que nos dizemos "vivos", continuam "vivas". De igual forma, acredito que isto só acontece se, efectivamente, as pensarmos e as referirmos como se estivessem, de facto, vivas, se não sentirmos necessidade de acrescentar ao seu nome fórmulas sacramentais ou religiosas, se a saudade continuar a ser imensa mas já não nos arrancar lágrimas em jorro.
Para tanto, haveremos de estar absolutamente apaziguados quer com a saudade, quer com a "morte". Haveremos de delas estar tão conscientes que nenhuma nos encherá de pavor. Conviveremos com elas sem incómodo algum. Esse, creio, é o "passaporte" para que os que partiram fiquem entre nós com a mesma naturalidade com que estavam antes de partirem. E, então, não teremos receio algum de empregarmos os tempos verbais no presente do indicativo.
Parabéns, Avô. Hoje é o teu dia de anos, o dia dos teus ternurentos 82 anos.
Para ti, um beijo. Para mim, a enorme honra que é ser tua neta.
© [m.m. botelho]
Acredito que enquanto as pessoas moram dentro de nós, na nossa memória, mesmo que hajam desaparecido do plano palpável, concreto e espacio-temporalmente definido em que nos dizemos "vivos", continuam "vivas". De igual forma, acredito que isto só acontece se, efectivamente, as pensarmos e as referirmos como se estivessem, de facto, vivas, se não sentirmos necessidade de acrescentar ao seu nome fórmulas sacramentais ou religiosas, se a saudade continuar a ser imensa mas já não nos arrancar lágrimas em jorro.
Para tanto, haveremos de estar absolutamente apaziguados quer com a saudade, quer com a "morte". Haveremos de delas estar tão conscientes que nenhuma nos encherá de pavor. Conviveremos com elas sem incómodo algum. Esse, creio, é o "passaporte" para que os que partiram fiquem entre nós com a mesma naturalidade com que estavam antes de partirem. E, então, não teremos receio algum de empregarmos os tempos verbais no presente do indicativo.
Parabéns, Avô. Hoje é o teu dia de anos, o dia dos teus ternurentos 82 anos.
Para ti, um beijo. Para mim, a enorme honra que é ser tua neta.
© [m.m. botelho]