Há duas semanas, mais dia, menos dia, eu explicava ao meu sobrinho-afilhado-maravilha por que razão ele deveria beber leite e não água (a sua bebida favorita) ao lanche.
Eu - «Quando temos sede, bebemos água, mas quando precisamos de alimentar-nos, devemos beber leite. Ora, se estamos a lanchar e o lanche é uma refeição, devemos alimentar-nos, por isso, é melhor bebermos leite. Bebemos água não para nos alimentarmos, mas para nos hidratarmos e para matarmos a sede, compreendes?»
F. - «Sim. [passam uns segundos] Mas o Pedro, o Abrunhosa, diz que o corpo... o corpo é que mata a sede.»
Não soube o que lhe responder imediatamente. Tentei explicar-lhe que, nas canções, o Pedro usa linguagem poética e que a poesia é uma forma mais elaborada e simbólica de expressão, diferente da que eu estava a usar na minha explicação sobre a água. O F. levantou os olhos, olhou para mim, fez que "sim" com a cabeça, eu sem saber muito bem como lhe explicar o que é a poesia e o simbolismo, eu a sorrir pelo cuidado dele em explicar-me que "o Pedro" era "o Abrunhosa", eu a pensar naquela frase, "o corpo é que mata a sede", eu uma vez mais surpreendida pela memória e capacidade de raciocínio do F..
Até então, eu não sabia, mas o Pedro, o Abrunhosa, diz mesmo numa canção que "o corpo mata a sede". E assim se demonstra, para lá de qualquer dúvida, que aquele miúdo de quatro anos pode ensinar umas coisas, poéticas e simbólicas (ainda por cima!) a esta miúda de trinta e dois. É mesmo como diz o Pedro, na mesma canção: «tens tanto a aprender».
© [m.m. botelho]
Eu - «Quando temos sede, bebemos água, mas quando precisamos de alimentar-nos, devemos beber leite. Ora, se estamos a lanchar e o lanche é uma refeição, devemos alimentar-nos, por isso, é melhor bebermos leite. Bebemos água não para nos alimentarmos, mas para nos hidratarmos e para matarmos a sede, compreendes?»
F. - «Sim. [passam uns segundos] Mas o Pedro, o Abrunhosa, diz que o corpo... o corpo é que mata a sede.»
Não soube o que lhe responder imediatamente. Tentei explicar-lhe que, nas canções, o Pedro usa linguagem poética e que a poesia é uma forma mais elaborada e simbólica de expressão, diferente da que eu estava a usar na minha explicação sobre a água. O F. levantou os olhos, olhou para mim, fez que "sim" com a cabeça, eu sem saber muito bem como lhe explicar o que é a poesia e o simbolismo, eu a sorrir pelo cuidado dele em explicar-me que "o Pedro" era "o Abrunhosa", eu a pensar naquela frase, "o corpo é que mata a sede", eu uma vez mais surpreendida pela memória e capacidade de raciocínio do F..
Até então, eu não sabia, mas o Pedro, o Abrunhosa, diz mesmo numa canção que "o corpo mata a sede". E assim se demonstra, para lá de qualquer dúvida, que aquele miúdo de quatro anos pode ensinar umas coisas, poéticas e simbólicas (ainda por cima!) a esta miúda de trinta e dois. É mesmo como diz o Pedro, na mesma canção: «tens tanto a aprender».
© [m.m. botelho]