«Repito: compreender não significa negar o revoltante, deduzir o inaudito dos precedentes ou explicar fenómenos por meio de analogias e generalidades tais que se deixa de sentir o impacte da realidade e o choque da experiência. Significa antes examinar e suportar conscientemente o fardo que os acontecimentos colocaram sobre nós - sem negar a sua existência nem vergar humildemente com o seu peso, como se tudo o que de facto aconteceu não pudesse ter acontecido de outra forma. Compreender significa, em suma, encarar a realidade, espontânea e atentamente, e resistir a ela - qualquer que ela seja ou possa ter sido.»
Hannah Arendt - As origens do totalitarismo, 4.ª ed.
Lisboa: Publicações D. Quixote, 2010, p. XVIII.
Lisboa: Publicações D. Quixote, 2010, p. XVIII.