Lupita Nyong'o por © Christian MacDonald para a «Vogue» [Jan. 2014]
[Talvez o vestido não seja inocente.]
Escreve Tânia Jesus, hoje, no «Público Life&Style», a propósito da distinção de Lupita Nyong'o pela revista "People" como a mulher mais bonita do mundo em 2014: «Este prémio da revista People, lançado em 1990, até 2014, só tinha sido entregue por três vezes a mulheres não caucasianas [...]».
Atente-se na subtileza da linguagem: «mulheres não caucasianas», como se o mundo se dividisse entre «mulheres caucasianas» e todas as outras que o não são. Interrogo-me sobre a necessidade da divisão, sobre a infelicidade da distinção, sobre o preconceito que evidencia a qualificação pela negativa.
Se optaram por definir algo pela negativa, interrogo-me, ainda, porque não optaram também por dizer que o prémio só distingue «não homens», já agora. Seria só mais evidentemente ridículo, mas, pelo menos, mais ridiculamente coerente.
[Nota: «Nosotras que no somos como las demás» é o título de um livro que Lucía Etxebarría publicou em 1999.]
© [m.m.b.]
Atente-se na subtileza da linguagem: «mulheres não caucasianas», como se o mundo se dividisse entre «mulheres caucasianas» e todas as outras que o não são. Interrogo-me sobre a necessidade da divisão, sobre a infelicidade da distinção, sobre o preconceito que evidencia a qualificação pela negativa.
Se optaram por definir algo pela negativa, interrogo-me, ainda, porque não optaram também por dizer que o prémio só distingue «não homens», já agora. Seria só mais evidentemente ridículo, mas, pelo menos, mais ridiculamente coerente.
[Nota: «Nosotras que no somos como las demás» é o título de um livro que Lucía Etxebarría publicou em 1999.]
© [m.m.b.]