24.4.14

"nosotras que no somos como las demás"


Lupita Nyong'o por © Christian MacDonald para a «Vogue» [Jan. 2014]
[Talvez o vestido não seja inocente.]

Escreve Tânia Jesus, hoje, no «Público Life&Style», a propósito da distinção de Lupita Nyong'o pela revista "People" como a mulher mais bonita do mundo em 2014: «Este prémio da revista People, lançado em 1990, até 2014, só tinha sido entregue por três vezes a mulheres não caucasianas [...]».

Atente-se na subtileza da linguagem: «mulheres não caucasianas», como se o mundo se dividisse entre «mulheres caucasianas» e todas as outras que o não são. Interrogo-me sobre a necessidade da divisão, sobre a infelicidade da distinção, sobre o preconceito que evidencia a qualificação pela negativa.

Se optaram por definir algo pela negativa, interrogo-me, ainda, porque não optaram também por dizer que o prémio só distingue «não homens», já agora. Seria só mais evidentemente ridículo, mas, pelo menos, mais ridiculamente coerente.

[Nota: «Nosotras que no somos como las demás» é o título de um livro que Lucía Etxebarría publicou em 1999.]

© [m.m.b.]

22.4.14

razões para abril [2]

Da direita para a esquerda, vê-se um elemento da PIDE, um padre da Igreja Católica e cinco populares, cuja identidade não foi possível identificar. Portugal. s.d. [durante o período do "Estado Novo"]
fonte: web

«O professor hoje, em Portugal, vive com dificuldade de vida e com medo, esse terrível medo que se apoderou da quase totalidade da população portuguesa. [...]
A coisa vai mesmo mais longe - a política do medo não atingiu apenas uma determinada camada social ou profissão. Não, essa política foi a todos os sectores da vida nacional e a todos os núcleos da actividade privada e pública, procurando transformar-nos num povo aterrado, reduzido à condição deprimente de passarmos a vida a desconfiar uns dos outros. Mas o que é mais curioso, nesta questão, é que, ao fim e ao cabo, não se conseguiu apenas que os pequenos tenham medo uns dos outros e dos grandes, ou os indivíduos tenham medo das instituições. O próprio Estado foi vítima do seu jogo e acabou por ser tomado de medo dos cidadãos. Pois não é verdade que é a Polícia política quem supervisa, hoje, o recrutamento dos funcionários e até dos investigadores científicos? Porque é senão por medo, que se gasta mais com a segurança do que com a instrução primária? E porque é ainda, senão por medo, que se fazem eleições livres? De forma que, temos de o concluir, a primeira coisa a fazer para sermos gente é extrair o medo dos corações dos portugueses, fazendo deles homens generoso e fortes, libertados da grilheta da mais aviltante das escravidões

Bento de Jesus Caraça - Aspectos do Problema Cultural Português.
Sessão realizada pelo MUD em 30 de Novembro de 1946
.

15.4.14

uma possibilidade de definição [12]


© Elliott Erwitt [1977]
[fonte: web]

7.4.14

nunca como os outros

Os colóquios dos penalistas nunca foram como os outros. No "Medalha Beccaria: entrega a Jorge de Figueiredo Dias", que decorreu na sexta-feira, o Professor Arroyo Zapatero referiu expressamente o fado que Patxi Andión compôs e canta com Ana Moura e citou Pessoa:

Vaga, no azul amplo solta,
vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta
não é o que estou chorando.


Depois de uns segundos em suspenso, retomou-se o tema das sanções penais. Os colóquios dos penalistas nunca serão como os outros.

© [m.m. botelho]. 2014.
A mesa do Colóquio "Medalha Beccaria: entrega a Jorge de Figueiredo Dias", 04.04.2014, FDUC. Da esquerda para a direita, vêem-se: Luigi Foffani (Professore Ordinario na Università di Modena e Reggio Emilia e Secretário-Geral-Adjunto da SIDS), Stella Maris Martínez (Defensora General de la Nación Argentina), José de Faria Costa (Provedor de Justiça e Professor Catedrático na FDUC), António dos Santos Justo (Presidente e Professor Catedrático na FDUC), Joaquim Ramos de Carvalho (vice-Reitor da UC e Professor Auxiliar na FLUC), Jorge de Figueiredo Dias (Professor Catedrático na FDUC), Luis Arroyo Zapatero (Professor Catedrático na Facultad de Derecho y Ciencias Sociales da Universidad de Castilla La Mancha e Presidente da SIDS) e Anabela Miranda Rodrigues (Presidente do IDPEE e Professora Catedrática na FDUC).

© [m.m.b.]

6.4.14

iguais, os parênteses

Um dos hábitos que tenho é sublinhar os livros que vou estudando, destacando as partes que me parecem mais importantes para a compreensão do tema que é abordado. Aqui e ali, deixo uma nota. Quando, mais tarde, vou consultá-los, o que sucede muitas vezes, topo com essas anotações e, geralmente, recordo-me das circusntâncias em que foram feitas. Mais valia recordar-me antes do seu teor - era-me mais proveitoso - mas sucedeu que nasci dotada de memória não para tudo o que quero, mas só para o que consigo.
Há pouco estava a consultar um livro e deparei-me com uma anotação "a pedido". São muitíssimo raras as anotações "a pedido" nos meus livros, porque só acontecem quando eu interrompo a leitura e, de repente, me lembro de algo que queria escrever e não posso fazê-lo eu mesma. Nas linhas escritas com inclinação ascendente, uma frase entre parênteses. Fiquei a olhar para eles. O da esquerda bem desenhado, o da direita torto, quase em linha recta até abaixo e só com uma ligeira curvatura no final. Afinal, eram iguais, os parênteses. Olha que coisa.

© [m.m.b.]

1.4.14

que sejam uns fabulosos 34


[fonte: web]

eu

[m.m. botelho] || Marta Madalena Botelho
blogues: viagens interditas [textos] || vermelho.intermitente [textos]
e-mail: viagensinterditas @ gmail . com [remover os espaços]

blogues

os meus refúgios || 2 dedos de conversa || 30 and broke || a causa foi modificada [off] || a cidade dos prodígios || a cidade surpreendente || a curva da estrada || a destreza das dúvidas || a dobra do grito || a livreira anarquista || a mulher que viveu duas vezes || a outra face da cidade surpreendente || a minha vida não é isto || a montanha mágica || a namorada de wittgenstein || a natureza do mal || a tempo e a desmodo || a terceira noite || as folhas ardem || aba da causa || adufe || ágrafo || ainda não começámos a pensar || albergue dos danados || alexandre soares silva [off] || almocreve das petas [off] || animais domésticos || associação josé afonso || ana de amsterdam || antónio sousa homem || atum bisnaga || avatares de um desejo || beira-tejo || blecaute-boi || bibliotecário de babel || blogtailors || blogue do jornal de letras || bolha || bomba inteligente || cadeirão voltaire || café central || casadeosso || causa nossa || ciberescritas || cibertúlia || cine highlife || cinerama || coisas do arco da velha || complexidade e contradição || córtex frontal [off] || crítico musical [off] || dados pessoais || da literatura || devaneios || diário de sombras || dias assim || dias felizes || dias im[perfeitos] || dias úteis || educação irracional || entre estantes || explodingdog > building a world || f, world [guests only] || fogo posto || francisco josé viegas - crónicas || french kissin' || gato vadio [livraria] || guilhermina suggia || guitarra de coimbra 4 [off] || húmus. blogue rascunho.net || il miglior fabbro || imitation of life || indústrias culturais || inércia introversão intusiasmo || insónia || interlúdio || irmão lúcia || jugular || lei e ordem || lei seca [guests only] || leitura partilhada || ler || literatura e arte || little black spot || made in lisbon || maiúsculas [off] || mais actual || medo do medo || menina limão || menino mau || miss pearls || modus vivendi || monsieur|ego || moody swing || morfina || mundo pessoa || noite americana || nuno gomes lopes || nu singular || o amigo do povo || o café dos loucos || o mundo de cláudia || o que cai dos dias || os livros ardem mal || os meus livros || oldies and goldies || orgia literária || ouriquense || paulo pimenta diários || pedro rolo duarte || pequenas viagens || photospathos || pipoco mais salgado || pó dos livros || poesia || poesia & lda. || poetry café || ponto media || poros || porto (.) ponto || postcard blues [off] || post secret || p.q.p. bach || pura coincidência || quadripolaridades || quarta república || quarto interior || quatro caminhos || quintas de leitura || rua da judiaria || saídos da concha || são mamede - cae de guimarães || sem compromisso || semicírculo || sem pénis nem inveja || sem-se-ver || sound + vision || teatro anatómico || the ballad of the broken birdie || the sartorialist || theoria poiesis praxis || theatro circo || there's only 1 alice || torreão sul || ultraperiférico || um amor atrevido || um blog sobre kleist || um voo cego a nada || vida breve || vidro duplo || vodka 7 || vontade indómita || voz do deserto || we'll always have paris || zarp.blog

cultura e lazer

agenda cultural de braga || agenda cultura de évora || agenda cultural de lisboa || agenda cultural do porto || agenda cultural do ministério da cultura || agenda cultural da universidade de coimbra || agenda de concertos - epilepsia emocional || amo.te || biblioteca nacional || CAE figueira da foz || café guarany || café majestic || café teatro real feitorya || caixa de fantasia || casa agrícola || casa das artes de vila nova de famalicão || casa da música || centro cultural de belém || centro nacional de cultura || centro português de fotografia || cinecartaz || cinema 2000 || cinema passos manuel || cinema português || cinemas medeia || cinemateca portuguesa || clube de leituras || clube literário do porto || clube português artes e ideias || coliseu do porto || coliseu dos recreios || companhia nacional de bailado || culturgest || culturgest porto || culturporto [rivoli] || culturweb || delegação regional da cultura do alentejo || delegação regional da cultura do algarve || delegação regional da cultura do centro || delegação regional da cultura do norte || e-cultura || egeac || era uma vez no porto || europarque || fábrica de conteúdos || fonoteca || fundação calouste gulbenkian || fundação de serralves || fundação engenheiro antónio almeida || fundação mário soares || galeria zé dos bois || hard club || instituto das artes || instituto do cinema, audiovisual e multimédia || instituto português da fotografia || instituto português do livro e da biblioteca || maus hábitos || mercado das artes || mercado negro || museu nacional soares dos reis || o porto cool || plano b || porto XXI || rede cultural || santiago alquimista || são mamede - centro de artes e espectáculos de guimarães || sapo cultura || serviço de música da fundação calouste gulbenkian || teatro académico gil vicente || teatro aveirense || teatro do campo alegre || theatro circo || teatro helena sá e costa || teatro municipal da guarda || teatro nacional de são carlos || teatro nacional de são joão || teatropólis || ticketline || trintaeum. café concerto rivoli

leituras e informação

365 [revista] || a cabra - jornal universitário de coimbra || a oficina [centro cultural vila flor - guimarães] || a phala || afrodite [editora] || águas furtadas [revista] || angelus novus [editora] || arquitectura viva || arte capital || assírio & alvim [editora] || associação guilhermina suggia || attitude [revista] || blitz [revista] || bodyspace || book covers || cadernos de tipografia || cosmorama [editora] || courrier international [jornal] || criatura revista] || crí­tica || diário de notícias [jornal] || el paí­s [jornal] || el mundo [jornal] || entre o vivo, o não-vivo e o morto || escaparate || eurozine || expresso [jornal] || frenesi [editora] || goldberg magazine [revista] || granta [revista] || guardian unlimited [jornal] || guimarães editores [editora] || jazz.pt || jornal de negócios [jornal] || jornal de notí­cias [jornal] || jusjornal [jornal] || kapa [revista] || la insignia || le cool [revista] || le monde diplomatique [jornal] || memorandum || minguante [revista] || mondo bizarre || mundo universitário [jornal] || os meus livros || nada || objecto cardí­aco [editora] || pc guia [revista] || pnethomem || pnetmulher || poets [AoAP] || premiere [revista] || prisma.com [revista] || público pt [jornal] || público es [jornal] || revista atlântica de cultura ibero-americana [revista] || rezo.net || rolling stone [revista] || rua larga [revista] || sol [jornal] || storm magazine [revista] || time europe [revista] || trama [editora] || TSF [rádio] || vanity fair [revista] || visão [revista]

direitos de autor dos textos

Os direitos de autor dos textos publicados neste blogue, com excepção das citações com autoria devidamente identificada, pertencem a © 2008-2019 Marta Madalena Botelho. É proibida a sua reprodução, ainda que com referência à autoria. Todos os direitos reservados.

direitos de autor das imagens

Os direitos de autor de todas as imagens publicadas neste blogue cuja autoria ou fonte não sejam identificadas como pertencendo a outras pessoas ou entidades pertencem a © 2008-2019 Marta Madalena Botelho. É proibida a sua reprodução ainda que com referência à autoria. Todos os direitos reservados.

algumas notas importantes sobre os direitos de autor

» O âmbito do direito de autor e os direitos conexos incidem a sua protecção sobre duas realidades: a tutela das obras e o reconhecimento dos respectivos direitos aos seus autores.
» O direito de autor protege as criações intelectuais do domínio literário, científico e artístico, por qualquer modo exteriorizadas.
» Obras originais são as criações intelectuais do domínio literário, científico e artístico, qualquer que seja o seu género, forma de expressão, mérito, modo de comunicação ou objecto.
» Uma obra encontra-se protegida, logo que é criada e fixada sob qualquer tipo de forma tangível de modo directo ou com a ajuda de uma máquina.
» A protecção das obras não está sujeita a formalização alguma. O direito de autor constitui-se pelo simples facto da criação, independentemente da sua divulgação, publicação, utilização ou registo.
» O titular da obra é, salvo estipulação em contrário, o seu criador.
» A obra não depende do conhecimento pelo público. Ela existe independente da sua divulgação, publicação, utilização ou exploração, apenas se lhe impondo, para beneficiar de protecção, que seja exteriorizada sob qualquer modo.
» O direito de autor pertence ao criador intelectual da obra, salvo disposição expressa em contrário.