Pela minha parte, caro Mr. Finn, digo que há apenas duas fontes de inspiração para a escrita: uma valentíssima dor-de-corno ou um grande amor. A primeira, porque nos esmaga e nos obriga a expulsar o que nos tolhe corpo e alma. O segundo, porque nos preenche e nos obriga a libertar o que nos inunda cérebro e coração. O facto de ambos os estados fornecerem extenso material só traz vantagens. Sendo que, regra geral, passamos de um estado ao outro sucessivamente, não há períodos de falta de inspiração. O que há é uma tremenda falta de coragem para admitir que dor e euforia são duas faces da mesma moeda e que, na vida, tudo se paga.
© [m.m. botelho]
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