Atravesso as Praças Parada Leitão e Teixeira Gomes e desço as escadas que me levam ao parque de estacionamento. Procuro apressadamente nos bolsos o cartão de pagamento que trouxe do «Piolho». Não o encontro, mas eu tenho a certeza de que fui eu quem o guardou, julgo que nos bolsos. Verifico uma vez mais. Não, definitivamente não fui eu que guardei o cartão. Por momentos, questiono se não estarei a começar a evidenciar sinais de demência. Sendo assim, terei de pagar a taxa com moedas. Tu sorris para mim e agitas dois cartões entre os dedos. Afinal de contas, não estou assim tão tontinha: sempre era eu quem tinha guardado o cartão.
Tens manhas de meliante, tu. Podias muito bem ser carteirista de profissão. Certamente tiraste-me o cartão do bolso sem que eu me apercebesse.
Não sei bem por que fiquei surpreendida com a tua arte de dedos leves. Afinal de contas, foi também sem que eu desse por ela que, numa madrugada de nevoeiro, me roubaste o coração.
© [m.m. botelho]
Tens manhas de meliante, tu. Podias muito bem ser carteirista de profissão. Certamente tiraste-me o cartão do bolso sem que eu me apercebesse.
Não sei bem por que fiquei surpreendida com a tua arte de dedos leves. Afinal de contas, foi também sem que eu desse por ela que, numa madrugada de nevoeiro, me roubaste o coração.
© [m.m. botelho]