Chegou-me às mãos, por correio electrónico um texto de fina lavra, atribuído à oratória de um causídico. Nestes tempos em que se discute a existência, a necessidade e a prevalência do «juridiquês», pareceu-me oportuno partilhá-lo por aqui.
«Diz a lenda que um advogado ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Lá chegado, constatou que um ladrão tentava levar os seus patos de criação.
O Advogado aproximou-se, vagarosamente, do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:
- Oh, bucéfalo anácrono! Não te interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo acto vil e sorrateiro de profanares o recôndido da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com a minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e fá-lo-ei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o
vulgo denomina "nada".
Então, o ladrão, confuso, diz:
- Senhor Doutor, eu levo ou deixo os patos?»
Resta saber se seriam estes os «tiques de linguagem para criar sofismas de Advogado» a que o Governador do Banco de Portugal, Dr. Vítor Constâncio, se referia na passada segunda-feira, durante a sua audição perante a Comissão Parlamentar de Inquérito ao Sistema Bancário («caso BPN»)...
© Marta Madalena Botelho
«Diz a lenda que um advogado ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Lá chegado, constatou que um ladrão tentava levar os seus patos de criação.
O Advogado aproximou-se, vagarosamente, do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:
- Oh, bucéfalo anácrono! Não te interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo acto vil e sorrateiro de profanares o recôndido da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com a minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e fá-lo-ei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o
vulgo denomina "nada".
Então, o ladrão, confuso, diz:
- Senhor Doutor, eu levo ou deixo os patos?»
Resta saber se seriam estes os «tiques de linguagem para criar sofismas de Advogado» a que o Governador do Banco de Portugal, Dr. Vítor Constâncio, se referia na passada segunda-feira, durante a sua audição perante a Comissão Parlamentar de Inquérito ao Sistema Bancário («caso BPN»)...
© Marta Madalena Botelho