O «Jornal de Negócios», na sua versão online, publicou ontem uma notícia («Paulo Azevedo abandona jantar devido a atraso do primeiro-ministro») que dava conta de que Paulo Azevedo, presidente da Sonae SGPS e filho do empresário Belmiro de Azevedo, abandonara um jantar de negócios. De acordo com o título da notícia, o abandono teria sido motivado pelo atraso do Primeiro-Ministro.
Se assim fosse, na minha perspectiva o gesto só seria de louvar, já que a cultura do atraso deveria ser erradicada de todo o Portugal, com maior urgência nas áreas da saúde, justiça e dos negócios. Por vezes, abandonar os eventos é a única forma de protesto em face das demoras e é pena que não se recorra a essa atitude mais vezes.
Sucede que da leitura da notícia não se conclui o que é afirmado no título. Segundo as declarações de Paulo Azevedo que foram transcritas no corpo do artigo, o empresário só poderia estar presente até às 23h00. Quer isto dizer que sempre se ausentaria do jantar se ele se prolongasse até depois dessa hora, independentemente do atraso de José Sócrates ou mesmo do atraso do decurso do evento. Em suma, o motivo do abandono de Paulo Azevedo não foi o atraso do Primeiro-Ministro, mas sim uma impossibilidade de agenda.
Perante a notícia do «Jornal de Negócios», o leitor fica sem saber qual o objectivo de um título que induz em erro, mas de uma coisa passa a ter a certeza: ler as parangonas exige redobradas cautelas e muito do que é escrito na imprensa é, afinal, desinformação.
[Também publicado em PnetCrónicas.]
© Marta Madalena Botelho
Se assim fosse, na minha perspectiva o gesto só seria de louvar, já que a cultura do atraso deveria ser erradicada de todo o Portugal, com maior urgência nas áreas da saúde, justiça e dos negócios. Por vezes, abandonar os eventos é a única forma de protesto em face das demoras e é pena que não se recorra a essa atitude mais vezes.
Sucede que da leitura da notícia não se conclui o que é afirmado no título. Segundo as declarações de Paulo Azevedo que foram transcritas no corpo do artigo, o empresário só poderia estar presente até às 23h00. Quer isto dizer que sempre se ausentaria do jantar se ele se prolongasse até depois dessa hora, independentemente do atraso de José Sócrates ou mesmo do atraso do decurso do evento. Em suma, o motivo do abandono de Paulo Azevedo não foi o atraso do Primeiro-Ministro, mas sim uma impossibilidade de agenda.
Perante a notícia do «Jornal de Negócios», o leitor fica sem saber qual o objectivo de um título que induz em erro, mas de uma coisa passa a ter a certeza: ler as parangonas exige redobradas cautelas e muito do que é escrito na imprensa é, afinal, desinformação.
[Também publicado em PnetCrónicas.]
© Marta Madalena Botelho