Quando era adolescente, passei muitas horas da minha vida a ouvir e a cantar «Man on the moon», dos R.E.M.. Na altura acreditava que um dia alguém poria uma mulher na Lua, só para equilibrar as coisas, porque afinal de contas o fato de astronauta que se ajusta para um corpo masculino também se ajusta para um feminino. Entretanto, deixei de ser adolescente, há muito tempo que não ouvia esta canção e não consta que nos últimos quarenta anos (nem antes) eles tenham posto uma mulher na Lua.
Quando penso nisso fico triste, porque tudo poderia ter sido diferente. Uma mulher nunca daria calinadas na gramática ao pousar o pé na Lua, como fez o Armstrong há quarenta anos quando se esqueceu de dizer o artigo definido antes do «man». Se eles tivessem posto uma mulher na Lua, a estas horas eu poderia estar simplesmente a ouvir esta canção dos R.E.M. e a recordar-me dos meus bons velhos tempos do liceu, em vez de me pôr a fazer a análise morfológica da frase do Armstrong. Mas não, tinha de ser um homem. Ainda por cima, um que não dominava por aí além a gramática das frases que ficam para a História.
REM. «Man on the moon».
Do álbum «Automatic for the people» [1992].
© Marta Madalena Botelho
Quando penso nisso fico triste, porque tudo poderia ter sido diferente. Uma mulher nunca daria calinadas na gramática ao pousar o pé na Lua, como fez o Armstrong há quarenta anos quando se esqueceu de dizer o artigo definido antes do «man». Se eles tivessem posto uma mulher na Lua, a estas horas eu poderia estar simplesmente a ouvir esta canção dos R.E.M. e a recordar-me dos meus bons velhos tempos do liceu, em vez de me pôr a fazer a análise morfológica da frase do Armstrong. Mas não, tinha de ser um homem. Ainda por cima, um que não dominava por aí além a gramática das frases que ficam para a História.
REM. «Man on the moon».
Do álbum «Automatic for the people» [1992].
© Marta Madalena Botelho