Há quarenta anos um homem aterrava na Lua. Com ele, a Humanidade inteira pisava o solo inanimado de todos os sonhos.
A 16 de Julho de 1969, a equipa constituída pelos astronautas Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins partiu em missão espacial a bordo da nave «Apollo 11». Quatro dias depois, a 20 de Julho, Armstrong era o primeiro ser humano a pousar o pé na Lua. O momento foi encarado como um ponto de viragem do domínio do Homem sobre o espaço, mas mais do que isso, sobre o desconhecido.
A paisagem revelada pelas filmagens e fotografias é de um desolamento completo. A poeira cobre uma extensão a perder de vista, entrecortada aqui e ali por crateras. Tudo é de um cinzento uniforme e quente, excessivamente quente. A luz, recebida apenas do sol, é escassa. Nenhum atributo, portanto, que lhe dê ar de ser um sítio muito hospitaleiro. A Lua é, provavelmente, o local mais adverso já visitado pelo Homem e é, simultaneamente, o que maior fascínio exerce sobre ele.
Durante milénios, concedemos à Lua lugar cimeiro entre os astros. Era ela quem regia os períodos de fertilidade das mulheres e da Terra, a gestação, o parto, a personalidade, a agricultura, as marés, a pesca e, segundo alguns, até o modo como os cabelos e as unhas crescem. Afundado na sua pequenez, encolhido nas suas limitações, o Homem venerou a Lua a partir da Terra. Observou-a, estudou-a, interrogou-se sobre ela, mas nunca foi capaz de lhe tocar. Por isso, independente e mais importante do que todas as suspeições sobre a veracidade do facto de um par de astronautas ter pisado, realmente, o solo lunar, é o impacto que o acontecimento teve na Humanidade e o seu significado.
A partir de então a barreira era apenas o infinito, ou seja, nenhuma. O Homem sentiu ter superado os seus limites físicos, todas as distâncias, a própria imaginação. Depois do domínio da Terra e do Ar, restava o Espaço. Depois do Espaço, não restava nada. Ou melhor, restava tudo, porque tudo era possível.
A chegada à Lua transportou o mundo que conhecíamos para uma nova dimensão e revelou-nos a capacidade - que até então desconhecíamos - de chegarmos ao local de todos os sonhos. Foi só o começo da aventura. Dali partimos, como dizia o desenho animado Buzz Lightyear - mesmo que seja matematicamente impossível - «para o infinito e mais além».
[Também publicado em PNETcrónicas.]
© Marta Madalena Botelho
A 16 de Julho de 1969, a equipa constituída pelos astronautas Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins partiu em missão espacial a bordo da nave «Apollo 11». Quatro dias depois, a 20 de Julho, Armstrong era o primeiro ser humano a pousar o pé na Lua. O momento foi encarado como um ponto de viragem do domínio do Homem sobre o espaço, mas mais do que isso, sobre o desconhecido.
A paisagem revelada pelas filmagens e fotografias é de um desolamento completo. A poeira cobre uma extensão a perder de vista, entrecortada aqui e ali por crateras. Tudo é de um cinzento uniforme e quente, excessivamente quente. A luz, recebida apenas do sol, é escassa. Nenhum atributo, portanto, que lhe dê ar de ser um sítio muito hospitaleiro. A Lua é, provavelmente, o local mais adverso já visitado pelo Homem e é, simultaneamente, o que maior fascínio exerce sobre ele.
Durante milénios, concedemos à Lua lugar cimeiro entre os astros. Era ela quem regia os períodos de fertilidade das mulheres e da Terra, a gestação, o parto, a personalidade, a agricultura, as marés, a pesca e, segundo alguns, até o modo como os cabelos e as unhas crescem. Afundado na sua pequenez, encolhido nas suas limitações, o Homem venerou a Lua a partir da Terra. Observou-a, estudou-a, interrogou-se sobre ela, mas nunca foi capaz de lhe tocar. Por isso, independente e mais importante do que todas as suspeições sobre a veracidade do facto de um par de astronautas ter pisado, realmente, o solo lunar, é o impacto que o acontecimento teve na Humanidade e o seu significado.
A partir de então a barreira era apenas o infinito, ou seja, nenhuma. O Homem sentiu ter superado os seus limites físicos, todas as distâncias, a própria imaginação. Depois do domínio da Terra e do Ar, restava o Espaço. Depois do Espaço, não restava nada. Ou melhor, restava tudo, porque tudo era possível.
A chegada à Lua transportou o mundo que conhecíamos para uma nova dimensão e revelou-nos a capacidade - que até então desconhecíamos - de chegarmos ao local de todos os sonhos. Foi só o começo da aventura. Dali partimos, como dizia o desenho animado Buzz Lightyear - mesmo que seja matematicamente impossível - «para o infinito e mais além».
[Também publicado em PNETcrónicas.]
© Marta Madalena Botelho