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Na sua crónica de hoje, publicada no «Correio da Manhã», Domingos Amaral relata-nos as suas experiências na livraria "Bucholtz" (ver nota no final do texto), à qual se refere como sendo «uma instituição que é uma nostalgia do meu passado». Dando ênfase à sua qualidade de cliente frequente da livraria, Domingos Amaral afirma que «[p]assear na Bucholtz era um momento delicioso, de silêncio e gravidade, uma coisa quase mística» e que era possível «"mandar vir" livros na Bucholtz, coisa rara em Portugal, há vinte anos». O cronista admite que já não ia à livraria há tantos anos que já nem se lembra, mas recorda-se de que, então, «a livraria era uma sombra do que fora. Poucos livros, pouco público, sinais de estado terminal evidentes. O fecho foi inevitável, e não só a Rua Duque de Palmela ficou mais pobre, como Lisboa também». A terminar, o cronista refere o seu contentamento perante a notícia de reabertura da livraria, rematando dizendo que «voltar à Bucholtz será um enorme prazer».
[Início de ironia] Confesso que gostava imenso de saber o que era isso da livraria "Bucholtz". É que lendo o texto ficamos com a sensação de que Domingos Amaral se refere a uma conhecida livraria de Lisboa que encerrou em Dezembro de 2009, a Buchholz. As coincidências são assombrosas: em ambos os casos trata-se de livrarias onde era possível encomendar livros difíceis de encontrar noutros espaços, de livrarias alemãs, de livrarias de Lisboa, mais, de livrarias sitas à Rua Duque de Palmela! De facto, é assombroso! [Fim de ironia]
Agora mais a sério, então. Se atentarmos no facto de Domingos Amaral escrever como se toda a vida tivesse frequentado a livraria de que fala, parece impossível que não tenha sequer acertado no nome da mesma. É inacreditável que um cliente que por lá passou longos tempos, tempos «místicos», como o próprio diz, que lá "mandou vir" os seus livros de Economia, que recorda com nostalgia as senhoras alemãs muito sérias mas competentes, é inacreditável, dizia eu, que esse mesmíssimo cliente não saiba sequer o nome da livraria em questão. Mais inacreditável será o facto de esse cliente escrever uma crónica no jornal onde o nome da livraria aparece escrito dez vezes, sendo que uma delas no próprio título, como "Bucholtz", quando a livraria a que Domingos Amaral pretende referir-se é a Buchholz.
Concedo que existe alguma parecença entre o nome verdadeiro da livraria e o nome com que Domingos Amaral decidiu baptizá-la, mas a confusão não seria tão absurda se ao longo do texto o cronista não pretendesse passar a imagem de que era cliente assíduo, de que sabe do que fala, de que conhecia os cantos à casa. Quem passa horas num determinado espaço dificilmente esquece ou confunde o seu nome, principalmente se esse espaço é um ícone dentro da sua área como era o caso da livraria Buchholz.
Em consequência:
1. O texto soa a falso? Soa.
2. Está a atirar para o pseudo-intelectual? Está.
3. Falha o alvo? Falha, completamente.
Já agora, o que verdadeiramente interessa: a Buchholz abre amanhã, quinta-feira, 8 de Abril de 2010.
Nota: Antes de escrever este texto, fiz referência ao equívoco de Domingos Amaral no Twitter. Não sei se por isso ou não, certo é que a crónica foi entretanto editada e agora o nome da livraria aparece correctamente escrito. Note-se, contudo, que um dos comentários feitos ao texto também refere a livraria "Bucholtz" (viva o copy/paste!). Para documentar o estranho sucedido, resta, assim, o print screen que fiz e que ilustra este texto.
© Marta Madalena Botelho
[Início de ironia] Confesso que gostava imenso de saber o que era isso da livraria "Bucholtz". É que lendo o texto ficamos com a sensação de que Domingos Amaral se refere a uma conhecida livraria de Lisboa que encerrou em Dezembro de 2009, a Buchholz. As coincidências são assombrosas: em ambos os casos trata-se de livrarias onde era possível encomendar livros difíceis de encontrar noutros espaços, de livrarias alemãs, de livrarias de Lisboa, mais, de livrarias sitas à Rua Duque de Palmela! De facto, é assombroso! [Fim de ironia]
Agora mais a sério, então. Se atentarmos no facto de Domingos Amaral escrever como se toda a vida tivesse frequentado a livraria de que fala, parece impossível que não tenha sequer acertado no nome da mesma. É inacreditável que um cliente que por lá passou longos tempos, tempos «místicos», como o próprio diz, que lá "mandou vir" os seus livros de Economia, que recorda com nostalgia as senhoras alemãs muito sérias mas competentes, é inacreditável, dizia eu, que esse mesmíssimo cliente não saiba sequer o nome da livraria em questão. Mais inacreditável será o facto de esse cliente escrever uma crónica no jornal onde o nome da livraria aparece escrito dez vezes, sendo que uma delas no próprio título, como "Bucholtz", quando a livraria a que Domingos Amaral pretende referir-se é a Buchholz.
Concedo que existe alguma parecença entre o nome verdadeiro da livraria e o nome com que Domingos Amaral decidiu baptizá-la, mas a confusão não seria tão absurda se ao longo do texto o cronista não pretendesse passar a imagem de que era cliente assíduo, de que sabe do que fala, de que conhecia os cantos à casa. Quem passa horas num determinado espaço dificilmente esquece ou confunde o seu nome, principalmente se esse espaço é um ícone dentro da sua área como era o caso da livraria Buchholz.
Em consequência:
1. O texto soa a falso? Soa.
2. Está a atirar para o pseudo-intelectual? Está.
3. Falha o alvo? Falha, completamente.
Já agora, o que verdadeiramente interessa: a Buchholz abre amanhã, quinta-feira, 8 de Abril de 2010.
Nota: Antes de escrever este texto, fiz referência ao equívoco de Domingos Amaral no Twitter. Não sei se por isso ou não, certo é que a crónica foi entretanto editada e agora o nome da livraria aparece correctamente escrito. Note-se, contudo, que um dos comentários feitos ao texto também refere a livraria "Bucholtz" (viva o copy/paste!). Para documentar o estranho sucedido, resta, assim, o print screen que fiz e que ilustra este texto.
© Marta Madalena Botelho