«O criminoso volta sempre ao local do crime». Pode ser uma frase feita, mas é bem verdade. Ontem foi noite de regresso ao «Piolho», um regresso ansiado, muito imaginado, provavelmente demasiadas vezes adiado.
O carro ficou no parque de estacionamento. As escadas de acesso à Praça Parada Leitão continuam imundas, o cheiro há-se ser sempre nauseabundo. Mas depois daquela subida o céu abate-se sobre nós, o seu negro enche-nos os olhos e respira-se o ar do Porto. Ali , naquela Praça, bate um dos corações do Porto, os outros batem em muitos outros lados e em muitos outros peitos.
As conversas, as gargalhadas, os abraços dos amigos, os copos a chocarem em brindes de quem se viu ainda aquela tarde ou já não se via há anos, tudo isso vai empurrando os ponteiros dos relógios noite dentro e ninguém parece dar por isso. Ali, naquela Praça, bate um dos corações do Porto, os outros batem em muitos outros lados e em muitos outros peitos.
O Porto é tão soberbo e tão imenso que consegue a proeza de ter muitos corações, o que não é obra para um sítio qualquer. Mas tenho para comigo que talvez o grande feito da cidade seja esta sua capacidade assombrosa de não deixar nenhum deles, esteja ele onde estiver, parar de bater.
© [m.m. botelho]
O carro ficou no parque de estacionamento. As escadas de acesso à Praça Parada Leitão continuam imundas, o cheiro há-se ser sempre nauseabundo. Mas depois daquela subida o céu abate-se sobre nós, o seu negro enche-nos os olhos e respira-se o ar do Porto. Ali , naquela Praça, bate um dos corações do Porto, os outros batem em muitos outros lados e em muitos outros peitos.
As conversas, as gargalhadas, os abraços dos amigos, os copos a chocarem em brindes de quem se viu ainda aquela tarde ou já não se via há anos, tudo isso vai empurrando os ponteiros dos relógios noite dentro e ninguém parece dar por isso. Ali, naquela Praça, bate um dos corações do Porto, os outros batem em muitos outros lados e em muitos outros peitos.
O Porto é tão soberbo e tão imenso que consegue a proeza de ter muitos corações, o que não é obra para um sítio qualquer. Mas tenho para comigo que talvez o grande feito da cidade seja esta sua capacidade assombrosa de não deixar nenhum deles, esteja ele onde estiver, parar de bater.
© [m.m. botelho]