Olhando para trás, vejo que houve um traço comum no meu comportamento, não obstante as mudanças de cenário que foram ocorrendo na minha vida, particularmente no chamado «departamento amoroso». Com efeito, mesmo tendo uma pessoa ao meu lado não deixei, por exemplo, de fazer as coisas que gostava, não deixei de reclamar e defender o meu espaço de autonomia e onde só eu posso entrar e movimentar-me, não abdiquei das minhas convicções políticas e do meu fraquinho (não é mais do que isso) clubístico, não deixei de dizer o que pensava ou sentia sobre tudo e mais alguma coisa (por isso é que raramente havia discussões, mas frequentemente havia troca de ideias enriquecedoras).
Fiz o mesmo em relação às pessoas que partilharam fases da sua vida ao meu lado. O que reclamava para mim, foi o mesmo que dei aos outros. Só isso me fazia sentido.
Deve ser por isso que nunca vi as relações como grilhões. Ao invés, são para mim espaço de partilha e onde não é preciso deixar de se ser quem é para se ser feliz. Como sou feliz comigo mesma, ter alguém ao meu lado apenas reforça essa felicidade, mas não a aumenta, nem a diminui.
Não consigo sequer conceber a ideia de precisar de alguém para ser feliz. Como me disseram uma vez, sei que tenho em mim tudo o que preciso para ser feliz. E sou feliz quer esteja acompanhada, quer esteja sozinha, porque não é do outro que depende a minha felicidade, mas de mim, só de mim. Cada um tem a sua medida das coisas, cada um tem a sua forma de encarar a vida. A minha é esta e não me parece má.
Se forem suficientemente interessantes para que eu me apaixone e os ame, os outros não me atrapalham, não me prendem, não me sufocam, sejam caras-metades, sejam família, sejam amigos. Gosto de estar apaixonada e de amar e ser amada, mas não preciso disso para ser feliz. Preciso muito mais de liberdade para ser quem sou e de respeito por quem sou, pelo que penso e pelo que faço do que de tudo o resto. É, provavelmente, por isso que já ouvi inúmeras vezes que é fácil (con)viver comigo: porque a única coisa que peço é que quem está comigo viva e me deixe viver. O resto, é impulsionado pela força dos afectos, não pela dependência. Desde que se tenha a capacidade de viver e deixar viver, é absurdamente simples. Tão simples que até custa a acreditar, mas não é por isso que é menos possível. Afianço que não só é possível, como é tremendamente gratificante.
© [m.m. botelho]
Fiz o mesmo em relação às pessoas que partilharam fases da sua vida ao meu lado. O que reclamava para mim, foi o mesmo que dei aos outros. Só isso me fazia sentido.
Deve ser por isso que nunca vi as relações como grilhões. Ao invés, são para mim espaço de partilha e onde não é preciso deixar de se ser quem é para se ser feliz. Como sou feliz comigo mesma, ter alguém ao meu lado apenas reforça essa felicidade, mas não a aumenta, nem a diminui.
Não consigo sequer conceber a ideia de precisar de alguém para ser feliz. Como me disseram uma vez, sei que tenho em mim tudo o que preciso para ser feliz. E sou feliz quer esteja acompanhada, quer esteja sozinha, porque não é do outro que depende a minha felicidade, mas de mim, só de mim. Cada um tem a sua medida das coisas, cada um tem a sua forma de encarar a vida. A minha é esta e não me parece má.
Se forem suficientemente interessantes para que eu me apaixone e os ame, os outros não me atrapalham, não me prendem, não me sufocam, sejam caras-metades, sejam família, sejam amigos. Gosto de estar apaixonada e de amar e ser amada, mas não preciso disso para ser feliz. Preciso muito mais de liberdade para ser quem sou e de respeito por quem sou, pelo que penso e pelo que faço do que de tudo o resto. É, provavelmente, por isso que já ouvi inúmeras vezes que é fácil (con)viver comigo: porque a única coisa que peço é que quem está comigo viva e me deixe viver. O resto, é impulsionado pela força dos afectos, não pela dependência. Desde que se tenha a capacidade de viver e deixar viver, é absurdamente simples. Tão simples que até custa a acreditar, mas não é por isso que é menos possível. Afianço que não só é possível, como é tremendamente gratificante.
© [m.m. botelho]