Concordo em absoluto com o que é dito no «instantâneo» do post que antecede este. É por isso que eu ainda vou concedendo a benesse da justificação às pessoas que dão os chamados "pontapés na vida", mas são novas, inexperientes e imaturas e, portanto, embora pensem que sim, não sabem bem o que estão a fazer (já todos andámos lá, não há quem possa atirar a primeira pedra). Todavia, já não consigo concedê-la a quem já viveu umas quantas experiências e tem idade e maturidade para saber distinguir o que é verdadeiramente importante e irrepetível do que é um disparate, um capricho ou um devaneio. Por isso, se no primeiro caso ainda atribuo a burrice ao cheiro a leite, no segundo só posso atribuí-la à estupidez.
À medida que vamos ficando mais velhos e vamos adoptando um discurso paternalista em relação aos outros, principalmente se mais jovens do que nós, convém que ajamos em coerência com esse tom de quem sabe muito porque já viveu muito. Caso contrário, os mais novos podem até ouvir, mas dificilmente levarão a sério o que lhes é dito. E aquilo que se leva uma vida inteira a conquistar, perde-se num segundo: a admiração. E depois da admiração perdida, resta muito pouco. Resta o respeito, se o outro (o jovem que ainda não viveu nada e devia sorver cada palavra do que lhe é dito por quem tem a autoridade dos anos, de preferência fazendo vénias a cada frase proferida) for de boa cêpa, senão, nem isso. Perde-se tudo e é uma maçada.
Eu tenho sérias dúvidas se alguma vez se recupera seja o que for, mas isso sou eu, 31 anos, meia vida ainda não vivida, quiçá algum cheiro a leite ainda a aflorar dos colarinhos. Daqui a uns anos, talvez volte aqui com outra perspectiva, outras conclusões, outras certezas. Dando a vida as voltas que dá, qui sapit?
© [m.m. botelho]
À medida que vamos ficando mais velhos e vamos adoptando um discurso paternalista em relação aos outros, principalmente se mais jovens do que nós, convém que ajamos em coerência com esse tom de quem sabe muito porque já viveu muito. Caso contrário, os mais novos podem até ouvir, mas dificilmente levarão a sério o que lhes é dito. E aquilo que se leva uma vida inteira a conquistar, perde-se num segundo: a admiração. E depois da admiração perdida, resta muito pouco. Resta o respeito, se o outro (o jovem que ainda não viveu nada e devia sorver cada palavra do que lhe é dito por quem tem a autoridade dos anos, de preferência fazendo vénias a cada frase proferida) for de boa cêpa, senão, nem isso. Perde-se tudo e é uma maçada.
Eu tenho sérias dúvidas se alguma vez se recupera seja o que for, mas isso sou eu, 31 anos, meia vida ainda não vivida, quiçá algum cheiro a leite ainda a aflorar dos colarinhos. Daqui a uns anos, talvez volte aqui com outra perspectiva, outras conclusões, outras certezas. Dando a vida as voltas que dá, qui sapit?
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