Talvez devêssemos pôr tanto cuidado e esmero no modo como terminamos as nossas relações amorosas, como pomos no modo como as iniciamos. No começo de uma relação, empenhamo-nos para que tudo seja o mais próximo possível da perfeição, para que, de cada vez que o recordemos, possamos dizer que foi o mais belo, inesperado, romântico, arrebatador e apaixonado dos inícios. Exceptuando a parte do romantismo, arrebatamento e paixão, claro está, talvez devêssemos fazer o mesmo quando terminamos. Sim, talvez devêssemos encetar todos os esforços para que, de cada vez que a memória nos levasse de volta ao momento da ruptura, pudéssemos dizer que foi o mais leal, sereno, franco, respeitoso e - porque não? - belo dos finais.
Só um bom final está à altura de um bom começo. Talvez devêssemos, por isso, nós mesmos, procurar estar à altura de ambos, para sermos merecedores de ambos.
Tal como, segundo dizem, nunca é tarde para um bom começo, parece-me que também nunca deveria ser tarde para um bom final. Até porque, consta, só não há remédio para a morte e o fim de uma relação não é a morte, é um luto. Nós continuamos cá, vivos, com a possibilidade de fazer tudo o que ainda houver de ser feito para mudar o que houver de ser mudado. Talvez devêssemos fazê-lo. Sim, talvez devêssemos. Talvez devêssemos acabar de novo quando não acabámos bem.
© [m.m. botelho]
Só um bom final está à altura de um bom começo. Talvez devêssemos, por isso, nós mesmos, procurar estar à altura de ambos, para sermos merecedores de ambos.
Tal como, segundo dizem, nunca é tarde para um bom começo, parece-me que também nunca deveria ser tarde para um bom final. Até porque, consta, só não há remédio para a morte e o fim de uma relação não é a morte, é um luto. Nós continuamos cá, vivos, com a possibilidade de fazer tudo o que ainda houver de ser feito para mudar o que houver de ser mudado. Talvez devêssemos fazê-lo. Sim, talvez devêssemos. Talvez devêssemos acabar de novo quando não acabámos bem.
© [m.m. botelho]