30.1.12

3 anos, 6 meses e 8 dias

Há instantes, o meu sobrinho-afilhado entrou na sala onde estou para se despedir de mim. Eu tinha o computador ligado em cima da secretária e aberto no blogue do José Luís Peixoto porque estava a ler a crónica «Amor burguês», que me recomendaram por e-mail.

O sobrinho-afilhado trepa para a minha cadeira para me dar um beijo e um abraço, olha para o monitor do computador e diz: «O José Luís Peixoto é um escritor da minha Mãe, não é teu!». Isto porque a Mãe lê livros do José Luís Peixoto e está, presentemente, a ler o «Morreste-me», que o meu sobrinho-afilhado folheia e também lê porque tem o hábito de se enfiar no peito da Mãe nos momentos de leitura desta.

Eu fico parvinha de todo por isto: se a memória me não trai, há 3 anos, 6 meses e 8 dias o tipo estava a sair da barriga da Mãe para hoje estar aqui a ler com esta pinta e a dizer-me isto.

Se não é suposto que eu seja uma tia-madrinha babadona, não sei o que é suposto, mas que o meu sobrinho-afilhado é excepcional, lá isso é. É um miúdo incrível e mais não vale a pena dizer. Só visto.

© [m.m. botelho]

26.1.12

instantâneos [47]

© «workisnotajob»
visto aqui

25.1.12

«atira-lhe "água benta"»

Por volta das vinte e duas horas e trinta minutos de Sábado, dia vinte e um de Janeiro do ano de dois mil e doze na era da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo.


Começou tudo com o «Carpaccio de lombo de vitela perfumado com azeite de Trufa Branca, lascas de queijo Parmesão, salada de rúcula selvagem e aipo».



Seguiu-se o «Bacalhau confitado em azeite sobre gaspacho, batatinhas e cebolinhas confitadas e crumble de broa de milho».



Na carne, a escolha recaiu sobre o «Medalhão de vitela com molho de queijo de cabra e salada verde».



Tudo regado com um belíssimo «Lima Mayer 2008».



Onde? No «Água Benta», à Calçada da Estrela, em Lx. Altamente recomendável.

E não há fotografias das sobremesas porquê? É uma incógnita: ou sumiram do iPhone ou eu nunca cheguei a tirá-las, embora estivesse convicta de que o havia feito. Ainda assim, recomenda-se vivamente o «Cheese cake de queijo da ilha com compota de laranja».

E como o pessoal da casa era bem simpático, o jantar terminou com uma pianada minha onde se ouviu Pedro Abrunhosa, Rufus Wainwright e o Hino Nacional «A Portuguesa» (afinal de contas, estávamos ali ao lado do Parlamento).



Depois, não há mais fotos: o Rui Vargas estava a passar música no Lux e a noite ainda foi loooonga...

[As fotografias são todas minhas. Já o título do post é um excerto de uma canção dos GNR. Muito a propósito, btw.]

© [m.m. botelho]

23.1.12

9 de ouros

«"O meu interesse é no futuro, porque é lá que passarei o resto da minha vida."
[Charles F. Kettering]

Ora, muito bem, isto é que é ser realista; não é optimista, é mesmo ser realista, porque o passado já não existe e o presente é um ápice. Só nos resta o futuro. E para construir um futuro de bem-estar é preciso amar-se.

Como está a sua imagem? Como está o seu amor-próprio e auto-estima? Como está o respeito por si?

O desafio desta semana é mesmo este; cuidar de si, olhar ao espelho e ver alguém que já trilhou vales e montanhas, que já venceu obstáculos que nem imaginaria conseguir, que já amou, que já chorou, que já magoou, que já se desencantou... Tudo isto faz de si a pessoa excepcional que é. Orgulhe-se do seu caminho. Mais importante do que o orgulho que deve sentir do seu passado, é a importância que deve dar ao futuro. E o futuro começa... agora.»

[É bom manter tudo isto bem presente e as previsões astrológicas, que eu vejo muito mais por curiosidade do que por crença, podem servir como um óptimo lembrete.]

© [m.m. botelho]

22.1.12

sunday


Etta James. «Sunday kind of love».
Do álbum «At last!» [1961].

17.1.12

instantâneos [46]

visto aqui
[Grafito fotografado em Lisboa.]

mãos à obra

Não há nada como "meter a mão na massa", digamos assim, em relação a algo que estamos a ponderar seriamente se apreciaríamos verdadeiramente ou não para ficarmos a saber se odiaríamos ter de o fazer durante o resto da vida ou se vibraríamos todos os dias se tivéssemos oportunidade de o fazer. Comigo aconteceu assim. Lentamente, "fui metendo a mão na massa" e nem dei por isso e a conclusão a que cheguei foi a de que, se me dessem a oportunidade de o fazer todos os dias da minha vida, isso me traria um enorme estado de satisfação e completude.

A parte mais difícil, que era esta que descrevi, já está. Agora só falta pôr mãos à obra para alcançar a possibilidade, para tornar o desejo realidade. Para isso, é preciso focar-me completamente no objectivo. É por isso que o mundo à minha volta pode ruir completamente, o barulho das palavras alheias ser ensurdecedor, ficar tudo e mais alguma coisa de pernas para o ar que eu não me desviarei do meu caminho. Sei o que quero, sei quanto o quero e sei o que tenho de fazer para o alcançar e isto é tudo o que me importa até que o voo - ainda que inclinado - esteja cumprido.

© [m.m. botelho]

«algo desajustados e patéticos como se usassem roupa demasiado pequena para o seu tamanho»

«Quando comecei a sair à noite, há anos, havia sempre uns tipos mais velhos que iam ficando esquecidos, geração a geração, e iam adoptando as gerações cada vez mais novas por companhia. A dada altura, (acontecia com 2 ou 3 personagens) mesmo os solteirões da geração deles já tinham mudado de vida e deixado as saídas diárias, a geração seguinte à deles já estava a casar e ter filhos, e esses tipos já não eram os mais velhos do grupo de pessoas com quem saiam à noite, eram apenas tipos de 30 anos no meio de miúdos de 14, algo desajustados e patéticos como se usassem roupa demasiado pequena para o seu tamanho. Tentavam adaptar-se aos novos códigos e tribos, mas, depois do entusiasmo da recepção inicial, eram tratados, pelos mais novos, com algum desconforto, como se trata um tio gágá que insiste em fazer graçolas inconvenientes às nossas amigas. E lá iam, insistindo no ridículo da nova vaga de amigos com os quais, à semelhança dos anteriores, se incompatibilizariam, porque a idade mental é mais sincera e cruel do que a física e até na primeira se deixavam ficar confrangedoramente para trás. Há disto em todo o lado
Laura Abreu Cravo,
no post «Os que ficam», do blogue «A alma conservadora
».

[Está tão bem escrito que não é preciso retirar ou acrescentar seja o que for. O mais curioso é que, consoante os grupelhos, o inverso às vezes também se verifica.]

© [m.m. botelho]

16.1.12

o meu, o teu e o nosso

Na passada semana, o meu sobrinho-afilhado-maravilha insistiu para que o deixassem arrancar uma determinada folha de um catálogo de um hipermercado. Quando chegou o Pai, teve lugar a seguinte conversa:
O Pai - F., para que trazes essa folha na mão?
O sobrinho-afilhado - Estás a ver este camião de carga que está aqui? Eu trouxe a folha para tu veres porque tens de me comprar um.
O Pai - E, por acaso, tu sabes se o Papá e a Mamã têm dinheiro para te comprarem o camião de carga?
O sobrinho-afilhado - Temos, temos.

E assim se conclui que o dinheiro que até há instantes era da Mamã e do Papá, passou a ser da Mamã, do Papá e do F.. Toma lá, que é democrata!

© [m.m. botelho]

14.1.12

poesia escatológica

«Neste lugar sagrado
Onde a vaidade acaba
Todo o cobarde faz força,
Todo o valente se caga.»


[Lido num dos WC para homens - sim, sou muito distraída - da FDUC. Resta acrescentar que o poema teria cabimento em qualquer sala desta casa onde se realizem provas orais.]

© [m.m. botelho]

12.1.12

instantâneos [45]

© [m.m. botelho]
Coimbra. Portugal. 07.01.2012

A Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra no sábado passado. A FDUC tal como eu a via quando escrevi este post.

© [m.m. botelho]

11.1.12

uma possibilidade de definição [4]

visto aqui

10.1.12

uma mãe "macgyver"

A minha Mãe é uma daquelas senhoras que é tão prendada que sabe fazer quase tudo o que é preciso numa casa. Desde arranjos eléctricos a bolos de chocolate, passando por duas ou três técnicas de canalização, a minha Mãe, que domina todas as agulhas e todos os pontos de crochet, bordados, malha e um monte de outras coisas [como renda de bilros, por exemplo], também pinta, desenha, constrói e, mais importante do que tudo isso, olha para as coisas que precisam de intervenção e é capaz de idealizar imediatamente uma solução, tal como olha para qualquer objecto ou estrutura e é capaz de descrever logo como é que foi feito ou montada. É uma espécie de Mãe "MacGyver".

É a minha Mãe quem faz uma boa parte dos cachecóis que uso sempre, diariamente. Tenho-os de toda a maneira e feitio. O mesmo sucede com a minha irmã e também é a minha Mãe quem faz os gorros, as luvas e muitos dos cachecóis que o meu sobrinho-afilhado usa e que todos, sem excepção, lhe elogiam no Colégio. Temos uma sorte fenomenal, porque as pessoas acabam sempre por elogiar essas peças, seja pela originalidade, seja pela perfeição com que estão feitas e nós podemos dizer, com orgulho, que quem as fez foi a nossa Mãe ou Avó.

Há menos de uma semana, a minha Mãe fez-me um gorro tão-somente fantástico. Viu o modelo na internet, olhou para a fotografia e, pegando nas agulhas e na lã, tricotou-o. A minha cabeça só foi necessária no início, para assegurar que o gorro não ficava apertado [sempre são uns senhores 58 centímetros que é preciso respeitar!].

Quem já viu o meu gorro, diz que é bonito e que me fica bem. Eu fico até um pouco surpreendida com os comentários, porque gosto muito de andar de caracóis ao léu e raramente cubro a cabeça [só quando o sol forte a isso obriga, mais do que quando o frio é de cortar a respiração], mas a verdade é que o gorro é autêntico [há alguns parecidos, mas ainda não vi nenhum igual] e, por isso, não admira que as pessoas reparem nele. O espanto maior surge quando revelo que foi a minha Mãe que o fez, seguido da desolação de ficarem a saber que não vão poder comprar um igual numa loja.

Há muito poucas pessoas com as capacidades da minha Mãe. A somar ao incontável amor que lhe tenho é, também, por isso que eu não a trocaria por nenhuma outra.

[Depois, quem é que me faria os gorros e os cachecóis?! :)]

© [m.m. botelho]

mapa mundi


Pat Metheny. «A map of the world».
Do álbum «A map of the world (soundtrack)» [1999].

7.1.12

acreditar é bom, fazer é muito melhor

Diz o ditado que "o bom filho a casa torna". Eu não sei se serei de considerar uma boa filha, mas o que é facto é que estou de volta à FDUC, quase oito anos depois do último curso que aqui realizei. Não gosto e não quero estar parada em nenhum domínio, mas muito menos no académico e no profissional. Por isso, eis-me aqui, novamente disposta e motivada para aprender, com a perfeita noção de que o fazemos a vida inteira e morremos ignorantes na mesma.

O que interessa não são as maiores ou menores promessas daquilo que eu me sinto capaz de fazer. O que importa é aquilo que efectivamente eu faço e isto é algo que eu quero muito fazer e fazer bem. Assim, há que definir objectivos realizáveis e importantes e fazer tudo para os concretizar e quanto mais depressa, melhor, sem distracções de qualquer ordem, concedendo importância apenas àquilo que realmente a tem. Isto é o que eu tenho de fazer, é o que eu já estou a fazer. Sinto-me satisfeita comigo mesma e quero sentir-me ainda mais quando o dia da conclusão / concretização chegar.

[Depois de meses de resistência, o primeiro post escrito e publicado através do iPhone. Não é tão maçador como imaginava. Estou quase "pro" nisto! E gosto do primeiro escrito que aqui publico recorrendo a esta jigajoga! :) ]

© [m.m. botelho]

instantâneos [44]

visto aqui

5.1.12

«não se dão flores a quem morre de cancro»

Não sei muito bem o que pensar das pessoas que atiram para as costas do "Tempo" aquilo que elas mesmas não são capazes de fazer. Dizer que são cobardes ou apáticas, que ficam à espera que o "Destino" ou outra coisa qualquer resolva os seus problemas em vez de "pegarem o touro pelos cornos", dizer que se iludem ao julgar toda a gente pela mesma bitola e ao achar que todos vão acabar por ceder perante certos cenários é já, provavelmente, pensar muito sobre pessoas assim.

Cada um engana-se da maneira que quer e há quem opte por se enganar repetindo que "o Tempo cura tudo", "resolve tudo", "faz esquecer tudo" e quejandos. E depois há uma meia dúzia de tipos, como eu, que sabem que o Tempo não faz nada a não ser revelar a verdadeira essência das pessoas e a falta de ovários ou tintins que as mesmas têm para resolver as coisas ou admitir que as coisas não têm outra resolução senão a que se cristalizou. Já escrevi bastante sobre isso por aqui [eu lembro-me].

As palavras têm um preço muito caro, por isso mesmo é que já os romanos, que não eram parvos, diziam: «se pensares não digas, se disseres não escrevas, se escreveres não assines». Não é de estranhar, portanto, que a maior parte das pessoas opte por nada fazer e prefira "deixar o Tempo correr". O Silêncio é muito mais cómodo do que a Palavra, já percebemos. Só uns quantos doidos varridos é que arriscam sentir, pensar, escrever e assinar. Os outros ficam à espera que o Tempo passe e algo aconteça, porque nunca se sabe: um casamento, um funeral, uma noite de copos e, de repente, a "malta vê-se por aí" e está tudo resolvido, "tão amigos que nós somos".

Pela minha parte, assumo inteiramente que [já] não espero nada de ninguém, mas muito menos espero de quem prometeu vir "um dia" ["quem sabe, talvez, não é?"]: a minha "cegueira emocional" já passou. Agora, só há uma grande consciência da fragilidade e da incapacidade do ser humano, a começar por mim mesma, às vezes. Não tenho ídolos, mas se os tivesse, teriam todos, sem excepção que confirmasse a regra, pés de barro. Seriam todos muito respeitavelmente humanos porque, como proclamou Nietzsche, "Deus está morto".

«Toda a gente tem um preço», diz-se, tal como se diz «quando não os podes vencer, junta-te a eles». É por isso que há quem se venda a troco de engolir uns valentes sapos e se renda por causa do amor [isto dava um refrão de uma canção], perante a insistência alheia ou outra treta qualquer. Por exemplo, há quem faça cair o Carmo e a Trindade num ano por causa da festa e no ano seguinte se junte à festa. Pode parecer mentira, mas afianço que é verdade, apesar de não vir sequer no «Borda d'Água».

Chamam a isso "Mudança" e pintam a coisa de dourado, para os mais distraídos pensarem que é coisa boa. Eu, porém, prefiro chamar os bois pelos nomes: não é "mudança", é "conformismo". Não, também não é "magnanimidade", "capacidade de perdoar", "excepcionalidade" ou o raio. Repito: é "conformismo", é a mais banal e despida evidência do célebre «se não podes vencê-los, junta-te a eles». É "resignação".

Felizmente para mim e para o resto do Mundo, eu não tenho pretensões de criar doutrina interpretativa de aplicação universal e gratuita daquilo que os outros fazem ou não fazem, dizem ou não dizem, escolhem ou recusam. Eu limito-me a chegar às minhas conclusões e a aplicá-las a mim e ao que me rodeia, à minha vida e ao que me acontece. Nesta matéria, eu chego-me.

Quanto aos doutrinadores paternalistas, que sejam muito felizes, mas não me impinjam a sua banha da cobra, por favor. Guardem-na lá para si mesmos, para justificarem perante si próprios as suas atitudes e a sua inépcia, porque deve ser um tanto ou quanto difícil olhar para o espelho e dar de caras com a contradição [perdão, "mudança", "mudança"!] em forma de gente. Se satisfaz, se conforta, digam lá que foi tudo obra do "Tempo" e da "Mudança" e, com um bocadinho de empenho, olhem para quem escolheu não entrar nas mesmas salgalhadas que deixam qualquer um de boca escancarada e digam que é muito intransigente, maluco, limitado, imaturo, rígido ou outra coisa qualquer [digam, escrevam e assinem e, de preferência, remetam para o endereço do dito cujo: assim a criatura ficar a saber exactamente o que V. Exas. pensam dela].

Bom a valer é que as pessoas não esperem ser tidas em grande conta quando optam, como os putos por fazerem fugas para a frente. É bom que as pessoas estejam conscientes de que nem todos são assim tão fáceis de levar, de que nem todos se deixam fascinar por frases feitas ouvidas a outrem e repetidas em estilo "disco-riscado" sem sequer raciocinar. Alguns de nós desconstroem o que lhes acontece e o que vivem, tal como desconstroem os comportamentos alheios em relação a si e aos outros.

É facto assente: alguns de nós sabem que "deixar passar o tempo" pode ser bem diferente de "não vou fazer nada e sempre pode ser que o Sol amanhã nasça quadrado". Alguns de nós sabem que "mudar" é sempre diferente de "resignar-se". Acima de tudo, alguns de nós têm memória e lembram-se do que ouviram dizer sobre outras pessoas que nada faziam a não ser dizer que iam "esperar pelo Tempo certo" [porque não eram capazes de mais, não era?]. E ainda há os que, a somar a isto tudo, de estúpidos não têm rigorosamente nada [estes são, provavelmente, os piores].

Pode ser uma chatice que um dia alguém tenha tido o azar de uma pessoa assim, com estas características irritantes, se ter cruzado consigo e, apesar dos seus múltiplos esforços para que a dita pessoa se tivesse "burrificado", a mesma não ter ficado tão burra quanto dava jeito que tivesse ficado, mas, graças a Deus, não há nenhuma obrigação de a aturar [garanto que não vem na Bíblia] e sempre a pessoa com azar pode mandar a outra dar uma curva [uma qualquer serve, nem sequer precisa de ser a nossa curva favorita]. Com efeito, mandar alguém "dar uma curva" também pode ser um dos significados de "deixar que o Tempo ou outra coisa qualquer nos reaproxime". Claro que sim: diziam que o D. Sebastião também haveria de voltar numa manhã de nevoeiro.

Como facilmente se conclui, se se escolher essa via, a vida oferece sempre uma forma de "arrumarmos" com as coisas que nos maçam ou podem vir a maçar-nos. A vida oferece sempre a faculdade de justificação de tudo e mais alguma coisa [assim queiram os outros acreditar nos motivos invocados]. A vida oferece sempre a possibilidade de dizer que nós não tivemos responsabilidade nenhuma nos acontecimentos, que foi a "Mudança" [nossa e dos outros] que provocou tudo, mesmo quando os acontecimentos não são mais do que simples produto das nossas escolhas [mais ou menos] conscientes.

Assim sendo, que ninguém se apoquente, que ninguém se apresse, que ninguém deixe de gozar todos os benefícios [serão mesmo?] da doce passagem do "Tempo" e da "Mudança": é indesmentível que a vida oferece sempre a possibilidade de deixar tudo, absolutamente tudo e todos, ao leve sabor do T(v)em(n)p(t)o.

[Nota: o título deste texto é um excerto de uma canção dos Xutos & Pontapés. Existe, obviamente, uma razão de ser para ter sido escolhido.]

Assina: © [m.m. botelho]

3.1.12

2012

No último dia de 2010, não comi as tradicionais doze passas. Isso não significa que não tivesse desejos para concretizar durante o ano que estava a começar, mas tão somente que não os quis enunciar naquele momento.

À meia-noite do último dia de 2011, não quis repetir o meu silêncio em relação aos meus planos e objectivos e, por isso, comi doze uvas [não aprecio passas] e pedi doze desejos.

Sobre o que espero de 2012 há a dizer somente isto: que seja um ano de concretizações. Se for um ano de concretizações, já será imenso. Oxalá.

© [m.m. botelho]

2.1.12

2011

Sobre 2011, apetece-me apenas relembrar que viajei, como queria [Israel e Bélgica lá fora; variados destinos cá dentro]; trabalhei muito [mais do que imaginei ser capaz]; li bastante [não tantos livros quanto gostaria, mas os que quis ler]; ouvi alguma música [muito menos do que costumava, é um facto, porque precisei muito, muito, de silêncio]; fui ao cinema [sozinha, como me propus]; pintei [mais de 4 anos depois!]; escrevi [textos, posts e o mais que me apeteceu]; tomei algumas decisões dolorosas [mas absolutamente indispensáveis para o meu bem-estar]; dei continuidade a um processo iniciado em 2010 e ainda não concluído [se é que alguma vez está].

Nem tudo foi bom. O ano que acabou não deixa saudades em relação a muitas coisas. Fiz alguns disparates, uns maiores do que outros. Sei que, no meio de alguns vórtices, espalhei alguma dor, mas nenhuma que considere insuportável ou injustificada, por isso, não me mortifico: a woman has got to do what a woman has got to do, mesmo que isso se traduza em algumas turras contra a parede [só não quero é andar às turras contra os outros, por favor]. A isso se chama "viver e aprender" e posso dizer que 2011 foi, numa parte muito substancial, um ano de aprendizagem [essencialmente, sobre mim e sobre o que desejo para mim].

Não quero fazer contas de subtrair nem alcançar nenhum saldo. Não vejo grande vantagem nisso, admito. Olho para 2011 e concluo o seguinte: vivi. Pode não parecer grande coisa aos olhos alheios, mas, para mim, é um feito considerável: poderia ter ficado sentada, amorfa, a ver a vida passar por mim, mas não foi essa a minha escolha.

Hoje, encaro cada dia, simultaneamente, como uma conquista e como uma dádiva. E posso dizer que cada um dos dias de 2011, tenham eles sido de choro ou de alegria, foi exactamente isso.

2012 já aí está e é muito bem-vindo. É mais um ano no meu calendário pessoal, são mais 366 dias de conquista e dádiva. Venham eles, que eu farei a minha parte. Sim, venham eles que eu sei [porque sinto] que terei a força e a coragem para fazer a minha parte.

© [m.m. botelho]

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