© explodingdog [06.12.2010]
Em trinta anos de vida, lembro-me de uma mão cheia de sonhos, não mais do que isso. Desses, dois foram pesadelos, dois circunscrevem-se a projecções de desejos que acalento para o futuro e o quinto é algo que oscila entre uma coisa e outra, algo que me angustiava muito e que me era doloroso, mas que eu achava que poderia trazer coisas boas se tivesse acontecido na realidade.
Há uns dias, disseram-me que a partir de agora, porque se deu um determinado acontecimento que para mim tinha muita importância, eu haveria de começar a recordar-me dos sonhos que teria. Repliquei que dificilmente assim seria, visto que raramente acordo com a percepção daquilo que povoou a minha cabeça durante o descanso, mas que, todavia, estaria atenta a uma eventual mudança no que a isso respeita.
Esta semana sucedeu que acordei por duas vezes com a perfeita noção de que estava a sonhar. Não sou capaz de reconstituir os acontecimentos, nem as situações, nem os contextos, mas sei que estava a sonhar com qualquer coisa. Isto é algo que também nunca me tinha acontecido, visto que ou me recordava nitidamente do que sonhara ou não me recordava de absolutamente nada.
Fiz um esforço para me lembrar do que estava a viver nos sonhos, mas não fui capaz de descortinar coisa alguma. Tenho apenas presente a sensação de que processei algo de olhos fechados, mas não consigo perceber o que seria.
Agora que penso nisso, já me aconteceu o mesmo estando de olhos abertos. Há acontecimentos - recentes - que sei que vivi, mas não sou capaz de reconstituir com precisão na minha cabeça. Esta é uma sensação muito estranha para quem, como eu, tem memória de elefante e regista durante longo tempo quase tudo o que lhe acontece e que assuma particular relevo.
É possível que uma coisa esteja relacionada com a outra. É possível que tudo isto sejam manifestações de aspectos que ainda não compreendo, mas virei a compreender. Apesar de esta ser uma realidade nova para mim, está a ser muito satisfatório aperceber-me dela. Deparo-me com um desconhecido que sei que virei a conhecer, quando for o tempo, e isso é aliciante. Vejo caminho para percorrer e isso é bom. É sinal de que não estou parada, de que os processos internos estão a ser cumpridos. Finalmente, estou a fazer algo por mim e para mim a partir de dentro. Só agora arranquei para esta viagem, mas sinto que arranquei de vez. E não hei-de parar enquanto não chegar ao meu destino.
© [m.m. botelho]
Há uns dias, disseram-me que a partir de agora, porque se deu um determinado acontecimento que para mim tinha muita importância, eu haveria de começar a recordar-me dos sonhos que teria. Repliquei que dificilmente assim seria, visto que raramente acordo com a percepção daquilo que povoou a minha cabeça durante o descanso, mas que, todavia, estaria atenta a uma eventual mudança no que a isso respeita.
Esta semana sucedeu que acordei por duas vezes com a perfeita noção de que estava a sonhar. Não sou capaz de reconstituir os acontecimentos, nem as situações, nem os contextos, mas sei que estava a sonhar com qualquer coisa. Isto é algo que também nunca me tinha acontecido, visto que ou me recordava nitidamente do que sonhara ou não me recordava de absolutamente nada.
Fiz um esforço para me lembrar do que estava a viver nos sonhos, mas não fui capaz de descortinar coisa alguma. Tenho apenas presente a sensação de que processei algo de olhos fechados, mas não consigo perceber o que seria.
Agora que penso nisso, já me aconteceu o mesmo estando de olhos abertos. Há acontecimentos - recentes - que sei que vivi, mas não sou capaz de reconstituir com precisão na minha cabeça. Esta é uma sensação muito estranha para quem, como eu, tem memória de elefante e regista durante longo tempo quase tudo o que lhe acontece e que assuma particular relevo.
É possível que uma coisa esteja relacionada com a outra. É possível que tudo isto sejam manifestações de aspectos que ainda não compreendo, mas virei a compreender. Apesar de esta ser uma realidade nova para mim, está a ser muito satisfatório aperceber-me dela. Deparo-me com um desconhecido que sei que virei a conhecer, quando for o tempo, e isso é aliciante. Vejo caminho para percorrer e isso é bom. É sinal de que não estou parada, de que os processos internos estão a ser cumpridos. Finalmente, estou a fazer algo por mim e para mim a partir de dentro. Só agora arranquei para esta viagem, mas sinto que arranquei de vez. E não hei-de parar enquanto não chegar ao meu destino.
© [m.m. botelho]