Esta noite fui ver «You'll meet a tall dark stranger», o último filme de Woody Allen, ao cinema. Sozinha. Eu, que nunca fui ao cinema sozinha e que não gostava de o fazer! Pode parecer uma contradição, mas a verdade é que nunca tinha ido porque sabia que não ia gostar e, por isso, sabia que não gostava. Não gostava mesmo.
Sucede que há já uns tempos que vinha desconfiando que, agora, era capaz de gostar de ir ao cinema sozinha. Um dia, dei por mim a pensar que, afinal de contas, nunca me coibi de fazer fosse o que fosse sozinha: sair à noite para beber um copo, jantar fora de casa, caminhar, viajar, ir ao teatro, ir a concertos, ir à praia, ir a exposições, a museus, etc.. Então, por que carga de água é que eu não haveria de gostar de ir ao cinema?
Passei a vida toda sem ponderar isto, negando simplesmente que gostasse de ir ao cinema sozinha. Ora, eu sei bem porque é que não gostava, mas são motivos que não interessa invocar: são passado e para trás anda o caranguejo. Desliguei-me deles e, por isso, passei a questionar se deveria continuar a condicionar as minhas idas ao cinema por factos de outrora. Não, não devo. Nem as idas ao cinema, nem coisa alguma.
Percebi e comprovei que, agora, gosto de ir ao cinema sozinha. Hoje fui e gostei. E vou repetir, quando e sempre que me apetecer. As idas ao cinema e tudo o que me der na real gana, porque cheguei à conclusão de que a minha companhia é, para mim mesma, infinitamente agradável, até numa sala escura, rodeada de estranhos a olhar para um ecrã, alguns dos quais a triturarem pipocas com alarido.
A explicação para isto é, na realidade, bastante simples: gosto imenso de mim e tenho vindo a descobrir que gosto cada vez mais de fazer coisas comigo.
© [m.m. botelho]
Sucede que há já uns tempos que vinha desconfiando que, agora, era capaz de gostar de ir ao cinema sozinha. Um dia, dei por mim a pensar que, afinal de contas, nunca me coibi de fazer fosse o que fosse sozinha: sair à noite para beber um copo, jantar fora de casa, caminhar, viajar, ir ao teatro, ir a concertos, ir à praia, ir a exposições, a museus, etc.. Então, por que carga de água é que eu não haveria de gostar de ir ao cinema?
Passei a vida toda sem ponderar isto, negando simplesmente que gostasse de ir ao cinema sozinha. Ora, eu sei bem porque é que não gostava, mas são motivos que não interessa invocar: são passado e para trás anda o caranguejo. Desliguei-me deles e, por isso, passei a questionar se deveria continuar a condicionar as minhas idas ao cinema por factos de outrora. Não, não devo. Nem as idas ao cinema, nem coisa alguma.
Percebi e comprovei que, agora, gosto de ir ao cinema sozinha. Hoje fui e gostei. E vou repetir, quando e sempre que me apetecer. As idas ao cinema e tudo o que me der na real gana, porque cheguei à conclusão de que a minha companhia é, para mim mesma, infinitamente agradável, até numa sala escura, rodeada de estranhos a olhar para um ecrã, alguns dos quais a triturarem pipocas com alarido.
A explicação para isto é, na realidade, bastante simples: gosto imenso de mim e tenho vindo a descobrir que gosto cada vez mais de fazer coisas comigo.
© [m.m. botelho]