Há algumas coisas que convém não confundir quando se lida comigo ou com tipos como eu. A primeira delas é urbanidade com hipocrisia. Pessoas como eu serão (quase) sempre irrepreensivelmente urbanas (recordo-me de, em toda a minha vida, ter perdido a face três vezes e sempre em consequência de provocações inaceitáveis de outros), mas muito dificilmente serão hipócritas (não me lembro de o ter sido uma vez que fosse). Por isso, se um dia eu ignorar uma pessoa, não é porque sou distraída ou mal-educada, é só mesmo porque não vim equipada com o dispositivo da hipocrisia e não faço fretes a ninguém, seja ele o pedinte da rua ou a Rainha de Inglaterra. E ainda bem que assim é.
© [m.m. botelho]
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