«A sinceridade nunca foi um assunto com que tivesse muitos problemas. Há pessoas que reagem mal, mas isso é problema delas.»
Pedro Mexia, 17.08.2011, em entrevista ao jornal «i»
Estas palavras não são minhas, mas poderiam ser. Concordo absolutamente com a observação de que o busílis das relações humanas não está na honestidade dos que dizem o que pensam e o que sentem, mas sim nos que ficam incomodados quando as pessoas o fazem. É, sem dúvida, muito mais fácil fazer fretes e ser sempre piedoso com os outros, não vão eles sentir-se melindrados.
Sucede que eu nunca apreciei facilitismos: desinteressam-me profundamente, fazem-me "perder a pica". De igual modo, também nunca apreciei gentilezas convencionais, nem dos outros para comigo, nem de mim para com os outros. Digamos que não sou insondável, mas também não sou previsível, porque raramente faço "o que é suposto", embora seja extremamente rigorosa na boa educação com que o faço [prezo muito o berço e o chá que me deram o privilégio de beber quando era pequenina].
Os meus golpes de misericórdia são, por isso, muito poucos, mas quem gosta de mim sabe isso e sabe que só pode gostar se aceitar isso. É por isso que eu não sou para todos, sou só para os que me merecem. Ora, como não me falta quem goste de mim, quem me queira bem e quem me ame e lide bem com a minha sinceridade [enchem uma mão, talvez, mas enchem todo o espaço disponível na minha vida para receberem em retorno tudo aquilo a que têm direito], não me falta nada, absolutamente nada no que aos afectos concerne e a sinceridade não é, nem poderia ser, um entrave nas minhas relações pessoais. Quanto aos que não gostam disso, bem, usando a expressão do Pedro Mexia, «isso é problema deles».
Tenho cá para mim que se cada um tomasse consciência disso e deixasse de apontar o dedo ao vizinho só porque ele lhe disse umas verdades nas lindas trombas e se preocupasse mais em avaliar o seu comportamento em vez de fazer tergiversações psicanalíticas do comportamento alheio, o mundo talvez fosse um lugar um bocadinho melhor, mas para isso era preciso que fossemos todos da mesma cêpa e, infelizmente, não somos. É, também por isso, que o Pedro Mexia está coberto de razão. Claro que eu só podia mesmo concordar com ele.
© [m.m. botelho]
Sucede que eu nunca apreciei facilitismos: desinteressam-me profundamente, fazem-me "perder a pica". De igual modo, também nunca apreciei gentilezas convencionais, nem dos outros para comigo, nem de mim para com os outros. Digamos que não sou insondável, mas também não sou previsível, porque raramente faço "o que é suposto", embora seja extremamente rigorosa na boa educação com que o faço [prezo muito o berço e o chá que me deram o privilégio de beber quando era pequenina].
Os meus golpes de misericórdia são, por isso, muito poucos, mas quem gosta de mim sabe isso e sabe que só pode gostar se aceitar isso. É por isso que eu não sou para todos, sou só para os que me merecem. Ora, como não me falta quem goste de mim, quem me queira bem e quem me ame e lide bem com a minha sinceridade [enchem uma mão, talvez, mas enchem todo o espaço disponível na minha vida para receberem em retorno tudo aquilo a que têm direito], não me falta nada, absolutamente nada no que aos afectos concerne e a sinceridade não é, nem poderia ser, um entrave nas minhas relações pessoais. Quanto aos que não gostam disso, bem, usando a expressão do Pedro Mexia, «isso é problema deles».
Tenho cá para mim que se cada um tomasse consciência disso e deixasse de apontar o dedo ao vizinho só porque ele lhe disse umas verdades nas lindas trombas e se preocupasse mais em avaliar o seu comportamento em vez de fazer tergiversações psicanalíticas do comportamento alheio, o mundo talvez fosse um lugar um bocadinho melhor, mas para isso era preciso que fossemos todos da mesma cêpa e, infelizmente, não somos. É, também por isso, que o Pedro Mexia está coberto de razão. Claro que eu só podia mesmo concordar com ele.
© [m.m. botelho]