© [m.m. botelho] 2011
É «o concerto do ano», so they say, ainda para mais num ano em que também vem cá a Madonna. Espero que seja, pelo menos, memorável, porque só mesmo uma banda de que eu gostasse tanto como gosto dos Coldplay me faria pôr o pé no Estádio do Dragão!
Os Coldplay estão indelevelmente associados a um período menos bom da minha vida. Digo "menos bom" porque eu haveria de aprender que aquilo, de mau, tinha pouco, comparado com o mau que a vida demonstrou poder ter (e sei lá eu o que ainda me espera!). Estávamos no final de 2002, nos primeiros meses de 2003 e a minha companhia sonora, por entre o frio, a neve, as sanduíches de pão escuro, as longas caminhadas e as feridas nos pés, o anoitecer às quatro horas da tarde, uma língua da qual eu não percebia patavina e a antipatia dos que me rodeavam era, quase em exclusivo, os Coldplay.
Ouvi «Parachutes» e «A Rush of Blood to The Head» vezes sem conta. Achava - e continuo a achar - que o Chris Martin, para além de um talentosíssimo compositor de rock alternativo, senhor de uma voz inconfundível, era giro que se fartava. Naquele tempo, o Chris Martin era um tipo loiro, de pele demasiado clara, que às vezes ainda tinha borbulhas, e sorria envergonhadamente enquanto cantava. Era e é um "nerd" bonito, como só os "nerds" se querem bonitos, agora apenas com menos borbulhas.
Houve depois uns tempos em que não ouvi Coldplay, a não ser quando passava na rádio. Apesar de gostar das canções, não as ouvia. Foi uma época em que descobri cantautores e bandas fantásticas, que tomaram a minha predilecção. Todavia, os Coldplay foram sempre um "velho amor" ao qual eu sabia que mais tarde ou mais cedo haveria de regressar. E regressei, em 2006, quando escrevi o texto «Aqueles éramos nós».
Hoje regresso presencialmente. De certa forma, foram eles que vieram a Portugal e ao Porto e não foram eles que vieram até mim, fui eu que fui ao encontro deles. Como sempre, de resto. É provável que, esta noite, me recorde de momentos "menos bons", da neve e das feridas nos pés, mas tenho a certeza de que vou sorrir, mesmo que envergonhadamente, como o Martin sorria enquanto cantava «Yellow».
Daqui a umas horas espero ouvir «Trouble» cantada só por ele ao piano. Tudo o resto será apenas para aumentar a minha satisfação. E que não chova, é o que se espera, porque esta será uma noite mágica, uma noite única, uma noite eterna: disso eu tenho a certeza.
Nota: o título deste texto é um excerto da letra de «Don't Panic», do álbum «Parachutes» [2000].
© [m.m. botelho]
Os Coldplay estão indelevelmente associados a um período menos bom da minha vida. Digo "menos bom" porque eu haveria de aprender que aquilo, de mau, tinha pouco, comparado com o mau que a vida demonstrou poder ter (e sei lá eu o que ainda me espera!). Estávamos no final de 2002, nos primeiros meses de 2003 e a minha companhia sonora, por entre o frio, a neve, as sanduíches de pão escuro, as longas caminhadas e as feridas nos pés, o anoitecer às quatro horas da tarde, uma língua da qual eu não percebia patavina e a antipatia dos que me rodeavam era, quase em exclusivo, os Coldplay.
Ouvi «Parachutes» e «A Rush of Blood to The Head» vezes sem conta. Achava - e continuo a achar - que o Chris Martin, para além de um talentosíssimo compositor de rock alternativo, senhor de uma voz inconfundível, era giro que se fartava. Naquele tempo, o Chris Martin era um tipo loiro, de pele demasiado clara, que às vezes ainda tinha borbulhas, e sorria envergonhadamente enquanto cantava. Era e é um "nerd" bonito, como só os "nerds" se querem bonitos, agora apenas com menos borbulhas.
Houve depois uns tempos em que não ouvi Coldplay, a não ser quando passava na rádio. Apesar de gostar das canções, não as ouvia. Foi uma época em que descobri cantautores e bandas fantásticas, que tomaram a minha predilecção. Todavia, os Coldplay foram sempre um "velho amor" ao qual eu sabia que mais tarde ou mais cedo haveria de regressar. E regressei, em 2006, quando escrevi o texto «Aqueles éramos nós».
Hoje regresso presencialmente. De certa forma, foram eles que vieram a Portugal e ao Porto e não foram eles que vieram até mim, fui eu que fui ao encontro deles. Como sempre, de resto. É provável que, esta noite, me recorde de momentos "menos bons", da neve e das feridas nos pés, mas tenho a certeza de que vou sorrir, mesmo que envergonhadamente, como o Martin sorria enquanto cantava «Yellow».
Daqui a umas horas espero ouvir «Trouble» cantada só por ele ao piano. Tudo o resto será apenas para aumentar a minha satisfação. E que não chova, é o que se espera, porque esta será uma noite mágica, uma noite única, uma noite eterna: disso eu tenho a certeza.
Nota: o título deste texto é um excerto da letra de «Don't Panic», do álbum «Parachutes» [2000].
© [m.m. botelho]