Ainda não sei muito bem como vai terminar este meu ano de 2012. Pode ser um ano de concretizações em vários domínios, assim esteja a sorte do meu lado [porque o esforço que me cumpre fazer está a ser feito até à medula], ou pode ser o seu contrário.
Não sou, naturalmente, uma optimista, é verdade. Quando olho para o copo, a minha primeira tentação é vê-lo sempre meio vazio. Porém, porque percebi que isso não me traz vantagem alguma [ao contrário, traz-me algum sofrimento antecipado que, as mais das vezes, é perfeitamente evitável], fui procurando, ao longo da vida, contrariar sempre essa tendência. E consigo fazê-lo de tal modo que, quando dou por mim, estou a meter-me em quinhentas mil coisas em simultâneo e a acreditar piamente que vou fazer todas com o maior sucesso. Embora sinta o nervoso miudinho, acredito sempre que sou capaz e faço-me à vida. Umas vezes correu tudo bem, outras vezes só algumas coisas deram certo.
Até ao momento em que comecei a achar que não seria capaz de ultrapassar determinado obstáculo e em que alguém me confrontou com um visionamento das minhas conquistas numa espécie de "rewind" da minha vida, nunca vi isto de contrariar o meu cepticismo intrínseco como uma capacidade. Achava que o fazia porque era suposto, porque «quem não trabuca não manduca» e é preciso encarar os desafios de frente se queremos alcançar os objectivos que traçámos quando eles não são fáceis. Todavia, não é assim. Na realidade, contrariar o meu pessimismo é mais do que uma forma de estar "porque é suposto". É, verdadeiramente, uma valência que eu tenho e que posso utilizar em todos os campos da minha vida.
Nem sempre consigo fazê-lo com a mesma leveza. Há dias em que avançar contra o vento me retira do corpo pedaços de carne, me extenua, me obriga a «fazer das tripas coração» e quase me faz parar. E há dias em que essas "feridas" e esse cansaço são sentidos, mas não me derrubam e me permitem, apesar de tudo, avançar.
Não há um dia da minha vida em que, desde há uns tempos largos [falo de anos], eu não tenha consciência disto e não me aperceba exactamente de quando tenho de contrariar o meu pessimismo. Este é um dos anversos de ter metas, sei-o. Sei-o porque sempre vivi tendo propósitos, sabendo por que é que era preciso sair da cama todos os dias, mesmo quando os dias eram garantidamente cinzentos. E não houve um dia em que eu tenha ficado na cama, fosse qual fosse a cor do meu céu.
[Admito que, antes de o poder afirmar, tive de passar a minha vida a pente fino, por não querer correr o risco de fazer uma afirmação falsa. Sei que é verdade o que digo: não houve mesmo um dia em que eu tenha ficado na cama.]
Eu não posso - nem quero - queixar-me de nada. Tive alguns momentos na vida em que a sorte não me acompanhou, mas acredito que isso era o necessário para fazer de mim a pessoa que sou hoje. Acredito que as partidas que a vida nos prega servem para fazer de nós pessoas melhores, se quisermos aprender as lições. Acredito que mesmo o pior que nos sucede encerra a virtude de nos recordar, por um lado, que não devemos permitir que volte a suceder-nos e, por outro, que lhe sobrevivemos. Tudo isto se traduz numa série de "vitórias", umas pequeninas, outras enormes, que cada um vai amealhando. Superar uma "derrota" é uma "vitória", tal como superar uma perda é um ganho. Se quisermos.
Quando me olho ao espelho não me deslumbro com o que vejo. Vejo, tão-somente, alguém que chegou até onde eu estou inteira e sem mazelas de maior. Sei que as minhas grandes "derrotas" ainda estão por vir e não tenho a certeza de que lhes sobreviverei inteira, como até aqui. Não tenho a certeza, mas tenho a esperança, porque sei que tenho as valências necessárias para, pelo menos, lhes fazer frente. E também porque não estou e não me parece que alguma vez vá ficar sozinha na minha vida. Tenho o privilégio de ter nela gente maravilhosa, pessoas que me incentivam, que me ajudam, que me reforçam. Uma mão cheia de pessoas decentes com quem me cruzei por laços de sangue ou mero acaso, que já me deram provas mais do que suficientes, em momentos em que poderiam ter dado provas do oposto, de que são isso mesmo que lhes chamei: pessoas decentes.
Não sei se vou concretizar todos os objectivos que tracei para este ano de 2012, mas sei que vou lutar por eles com todas as minhas forças. Não sei, ainda, como terminará este ano, mas tenho esperança de que termine exactamente como imaginei e me estou a empenhar para que suceda. Olho para as "barreiras" que tenho de saltar nesta corrida e "tiro-lhes as medidas". Olho para as minhas pernas e acredito que terão a destreza necessária para se elevarem acima delas. "Treino" todos os dias para que assim seja.
A vida pode ser objecto de um sem número de metáforas, mas todas elas têm de contemplar o bom e o mau. E se eu já ganhei tantas medalhas, por que raio haverei de pensar que não serei capaz de ganhar mais umas quantas neste ano de 2012? «Até ao lavar dos cestos, é vindima», disseram-me uma vez, num momento de grande desânimo. Pois bem: ainda há muito para colher.
© [m.m. botelho]
Não sou, naturalmente, uma optimista, é verdade. Quando olho para o copo, a minha primeira tentação é vê-lo sempre meio vazio. Porém, porque percebi que isso não me traz vantagem alguma [ao contrário, traz-me algum sofrimento antecipado que, as mais das vezes, é perfeitamente evitável], fui procurando, ao longo da vida, contrariar sempre essa tendência. E consigo fazê-lo de tal modo que, quando dou por mim, estou a meter-me em quinhentas mil coisas em simultâneo e a acreditar piamente que vou fazer todas com o maior sucesso. Embora sinta o nervoso miudinho, acredito sempre que sou capaz e faço-me à vida. Umas vezes correu tudo bem, outras vezes só algumas coisas deram certo.
Até ao momento em que comecei a achar que não seria capaz de ultrapassar determinado obstáculo e em que alguém me confrontou com um visionamento das minhas conquistas numa espécie de "rewind" da minha vida, nunca vi isto de contrariar o meu cepticismo intrínseco como uma capacidade. Achava que o fazia porque era suposto, porque «quem não trabuca não manduca» e é preciso encarar os desafios de frente se queremos alcançar os objectivos que traçámos quando eles não são fáceis. Todavia, não é assim. Na realidade, contrariar o meu pessimismo é mais do que uma forma de estar "porque é suposto". É, verdadeiramente, uma valência que eu tenho e que posso utilizar em todos os campos da minha vida.
Nem sempre consigo fazê-lo com a mesma leveza. Há dias em que avançar contra o vento me retira do corpo pedaços de carne, me extenua, me obriga a «fazer das tripas coração» e quase me faz parar. E há dias em que essas "feridas" e esse cansaço são sentidos, mas não me derrubam e me permitem, apesar de tudo, avançar.
Não há um dia da minha vida em que, desde há uns tempos largos [falo de anos], eu não tenha consciência disto e não me aperceba exactamente de quando tenho de contrariar o meu pessimismo. Este é um dos anversos de ter metas, sei-o. Sei-o porque sempre vivi tendo propósitos, sabendo por que é que era preciso sair da cama todos os dias, mesmo quando os dias eram garantidamente cinzentos. E não houve um dia em que eu tenha ficado na cama, fosse qual fosse a cor do meu céu.
[Admito que, antes de o poder afirmar, tive de passar a minha vida a pente fino, por não querer correr o risco de fazer uma afirmação falsa. Sei que é verdade o que digo: não houve mesmo um dia em que eu tenha ficado na cama.]
Eu não posso - nem quero - queixar-me de nada. Tive alguns momentos na vida em que a sorte não me acompanhou, mas acredito que isso era o necessário para fazer de mim a pessoa que sou hoje. Acredito que as partidas que a vida nos prega servem para fazer de nós pessoas melhores, se quisermos aprender as lições. Acredito que mesmo o pior que nos sucede encerra a virtude de nos recordar, por um lado, que não devemos permitir que volte a suceder-nos e, por outro, que lhe sobrevivemos. Tudo isto se traduz numa série de "vitórias", umas pequeninas, outras enormes, que cada um vai amealhando. Superar uma "derrota" é uma "vitória", tal como superar uma perda é um ganho. Se quisermos.
Quando me olho ao espelho não me deslumbro com o que vejo. Vejo, tão-somente, alguém que chegou até onde eu estou inteira e sem mazelas de maior. Sei que as minhas grandes "derrotas" ainda estão por vir e não tenho a certeza de que lhes sobreviverei inteira, como até aqui. Não tenho a certeza, mas tenho a esperança, porque sei que tenho as valências necessárias para, pelo menos, lhes fazer frente. E também porque não estou e não me parece que alguma vez vá ficar sozinha na minha vida. Tenho o privilégio de ter nela gente maravilhosa, pessoas que me incentivam, que me ajudam, que me reforçam. Uma mão cheia de pessoas decentes com quem me cruzei por laços de sangue ou mero acaso, que já me deram provas mais do que suficientes, em momentos em que poderiam ter dado provas do oposto, de que são isso mesmo que lhes chamei: pessoas decentes.
Não sei se vou concretizar todos os objectivos que tracei para este ano de 2012, mas sei que vou lutar por eles com todas as minhas forças. Não sei, ainda, como terminará este ano, mas tenho esperança de que termine exactamente como imaginei e me estou a empenhar para que suceda. Olho para as "barreiras" que tenho de saltar nesta corrida e "tiro-lhes as medidas". Olho para as minhas pernas e acredito que terão a destreza necessária para se elevarem acima delas. "Treino" todos os dias para que assim seja.
A vida pode ser objecto de um sem número de metáforas, mas todas elas têm de contemplar o bom e o mau. E se eu já ganhei tantas medalhas, por que raio haverei de pensar que não serei capaz de ganhar mais umas quantas neste ano de 2012? «Até ao lavar dos cestos, é vindima», disseram-me uma vez, num momento de grande desânimo. Pois bem: ainda há muito para colher.
© [m.m. botelho]