Há duas semanas, abdiquei de ver actuar ao vivo um dos cantores e compositores da minha vida, o Rufus Wainwright. Tive oportunidade de o ver actuar na Aula Magna no dia 6 de Novembro de 2007, porque tinha bilhete comprado, mas por razões que não vêm agora ao caso, optei por ser profundamente idiota e não ir. Rasguei os bilhetes, eu que guardo sempre tudo, rasguei os bilhetes e nunca mais imaginei ver o Rufus ao vivo na minha vida. Até que ele veio, inesperadamente, ao festival «Optimus Primavera Sound» do Porto, na noite de Sexta-feira, 8 de Junho. A seguinte era a noite cujo cartaz mais me agradava, ou dele não constassem os meus queridos Kings of Convenience, eles que já me acompanharam tantas vezes, em tantos momentos bons e maus. Mas as datas eram tudo menos adequadas e eu, impondo-me a mim mesma uma decisão baseada na razão e não no coração, não fui aos concertos.
Ontem, abdiquei da noitada de S. João (provavelmente, a minha festa popular favorita), uma noite que eu sempre adorei. Sempre gostei do S. João do Porto porque é a única noite da cidade em que não há desigualdade entre as pessoas: naquela noite, todos são iguais, quer sejam tripeiros, quer não. E se é verdade que dispenso completamente as sardinhas, também é verdade que gosto imenso dos abraços, dos risos, dos beijos e até das marteladas que são, nessa noite, absolutamente especiais.
Hoje, tinha bilhete para o concerto que daqui a pouco Madonna vai dar em Coimbra, integrado na «MDNA World Tour 2012». Tinha bilhete desde o dia 11 de Fevereiro, o primeiro dia em que foram postos à venda. Nunca vi a Madonna actuar ao vivo (embora tenha visto vários dos seus DVD, de várias tours, várias vezes). Também não será hoje que isso irá acontecer.
A razão de tudo isto é bastante simples: «que outro valor mais alto se alevanta», para citar o poeta Camões. Sei que há que abdicar do que houver a abdicar para conseguir esse outro valor mais alto, esse objectivo mais querido.
Sei que nada cai do Céu aos trambolhões [que «não há almoços grátis», como se diz na Economia]. Sei que é preciso trabalhar afincadamente para alcançar os propósitos que tracei e sei que o tempo não se multiplica.
Por isso, não estou triste. Acredito na «teoria do boomerang», acredito que para cada renúncia há uma recompensa. E também acredito que, lá mais para a frente, ainda hei-de ter pelo menos uma oportunidade na vida para ver o meu querido Rufus e a Madonna actuarem ao vivo, seja lá onde for.
Creio, porém, que o tamanho da recompensa deveria aferir-se, também, pelos sacrifícios que nos impomos na expectativa de lograr obtê-la: há duas semanas abdiquei de 3 cantautores que adoro, ontem abdiquei da noitada de S. João, hoje abdiquei do concerto da Madonna. Pode não parecer nada de especial, mas até é, se eu fizer contas de somar com todos os outros sacrifícios que já me impus e de que aqui não falo e foram alguns.
Repito, porque acho mesmo que deveria ser assim: o tamanho da recompensa deveria aferir-se, também, pelos sacrifícios que nos impomos na expectativa de lograr obtê-la. Oxalá assim seja.
© [m.m. botelho]
Ontem, abdiquei da noitada de S. João (provavelmente, a minha festa popular favorita), uma noite que eu sempre adorei. Sempre gostei do S. João do Porto porque é a única noite da cidade em que não há desigualdade entre as pessoas: naquela noite, todos são iguais, quer sejam tripeiros, quer não. E se é verdade que dispenso completamente as sardinhas, também é verdade que gosto imenso dos abraços, dos risos, dos beijos e até das marteladas que são, nessa noite, absolutamente especiais.
Hoje, tinha bilhete para o concerto que daqui a pouco Madonna vai dar em Coimbra, integrado na «MDNA World Tour 2012». Tinha bilhete desde o dia 11 de Fevereiro, o primeiro dia em que foram postos à venda. Nunca vi a Madonna actuar ao vivo (embora tenha visto vários dos seus DVD, de várias tours, várias vezes). Também não será hoje que isso irá acontecer.
A razão de tudo isto é bastante simples: «que outro valor mais alto se alevanta», para citar o poeta Camões. Sei que há que abdicar do que houver a abdicar para conseguir esse outro valor mais alto, esse objectivo mais querido.
Sei que nada cai do Céu aos trambolhões [que «não há almoços grátis», como se diz na Economia]. Sei que é preciso trabalhar afincadamente para alcançar os propósitos que tracei e sei que o tempo não se multiplica.
Por isso, não estou triste. Acredito na «teoria do boomerang», acredito que para cada renúncia há uma recompensa. E também acredito que, lá mais para a frente, ainda hei-de ter pelo menos uma oportunidade na vida para ver o meu querido Rufus e a Madonna actuarem ao vivo, seja lá onde for.
Creio, porém, que o tamanho da recompensa deveria aferir-se, também, pelos sacrifícios que nos impomos na expectativa de lograr obtê-la: há duas semanas abdiquei de 3 cantautores que adoro, ontem abdiquei da noitada de S. João, hoje abdiquei do concerto da Madonna. Pode não parecer nada de especial, mas até é, se eu fizer contas de somar com todos os outros sacrifícios que já me impus e de que aqui não falo e foram alguns.
Repito, porque acho mesmo que deveria ser assim: o tamanho da recompensa deveria aferir-se, também, pelos sacrifícios que nos impomos na expectativa de lograr obtê-la. Oxalá assim seja.
© [m.m. botelho]