«Tenho de ir-me embora», disse, e expliquei, talvez de modo até bastante atabalhoado, por que não posso ficar ali, onde estou, por que preciso de uma pausa. Do outro lado da linha disseram-me compreender a minha dificuldade em gerir as coisas como estão e perceber porque é que ela existe. Assim nos despedimo-nos, pela segunda vez nas nossas vidas.
Da primeira vez, eu disse que, habitualmente, me despedia dizendo «até logo», porque fazia questão de demonstrar a vontade de existência do contacto seguinte, mas que, naquelas circunstâncias, não sabia o que dizer, visto que não sabia se alguma vez haveria de voltar a querer o encontro. E o meu costumeiro «até logo» foi substituído por um pesadíssimo «adeus», palavra que evitei sempre por achar definitiva.
Desta vez, não precisei de dizer absolutamente nada. Do outro lado, um desejo de boa viagem, uma sugestão de envio de postais de vez em quando, a afirmação da disponibilidade para os ler e da certeza de que o encontro se daria certamente, nos lugares de sempre, assim eu o quisesse, quando eu o quisesse. No remate, um «até logo», que sei que não foi circunstancial, porque não é habitual. Um «até logo» como quem diz «vou despedir-me de ti como tu sempre te despedes, porque desta vez sou eu quem quer demonstrar a vontade da existência do contacto seguinte». Uma despedida tranquila e compreendida por ambas as partes. E dois «até logo», ditos ambos com a ternura de quem quer que haja um «logo», ainda que não saiba quando esse «logo» será.
© [m.m. botelho]
Da primeira vez, eu disse que, habitualmente, me despedia dizendo «até logo», porque fazia questão de demonstrar a vontade de existência do contacto seguinte, mas que, naquelas circunstâncias, não sabia o que dizer, visto que não sabia se alguma vez haveria de voltar a querer o encontro. E o meu costumeiro «até logo» foi substituído por um pesadíssimo «adeus», palavra que evitei sempre por achar definitiva.
Desta vez, não precisei de dizer absolutamente nada. Do outro lado, um desejo de boa viagem, uma sugestão de envio de postais de vez em quando, a afirmação da disponibilidade para os ler e da certeza de que o encontro se daria certamente, nos lugares de sempre, assim eu o quisesse, quando eu o quisesse. No remate, um «até logo», que sei que não foi circunstancial, porque não é habitual. Um «até logo» como quem diz «vou despedir-me de ti como tu sempre te despedes, porque desta vez sou eu quem quer demonstrar a vontade da existência do contacto seguinte». Uma despedida tranquila e compreendida por ambas as partes. E dois «até logo», ditos ambos com a ternura de quem quer que haja um «logo», ainda que não saiba quando esse «logo» será.
© [m.m. botelho]