«Sempre senti que estávamos os dois no mesmo barco, partilhando uma mesma aventura. Líamos os mesmos livros e discutíamo-los: livros infantis, histórias de aventuras, mais tarde romances, história, biografias, poesia, Shakespeare. Apreciávamos e desejávamos muito a companhia um do outro. Uma verdadeira prova, isso era: mais do que devoção, admiração, paixão. Se desejamos muito a companhia de outra pessoa, é porque a amamos.»
Iris Murdoch, «O mar, o mar» [2005], p. 40
Pergunto: e o contrário, será verdade? Isto é, se não desejamos muito a companhia de outra pessoa, é porque não a amamos? Ou podemos não desejar estar, não querer estar, não conseguir estar, decidir não estar precisamente porque a amamos?
© [m.m. botelho]
© [m.m. botelho]