Ontem fez cinco anos que me despedi do meu Avô. Custa a crer que já passaram cinco anos, quando tudo está ainda tão vivo na memória. É verdade que sinto a sua falta, que tenho saudades, que se me enchem os olhos de lágrimas quando penso em alguns gestos de carinho que tinha para comigo, só para comigo. Enchem-se-me os olhos de água a mim, que nem lacrimejei há cinco anos, nem no dia do funeral.
Depois, penso que quanto mais tempo passa, melhor o meu querido Avô está. Sim, para os que, como eu, acreditam que depois da morte há a comunhão eterna com a Luz e a Paz e o estado de felicidade plena para os que a merecem, a passagem do tempo é mais tranquilizante do que inquietante, reforça mais a certeza da chegada ao Bem do que a tristeza da partida do Mundo. É por isso que a passagem do tempo me alegra, embora as saudades nunca desapareçam.
Continuo à espera de ouvir o barulho do molho das chaves sempre que alguém abre a porta de casa da minha Avó, mas nunca mais o ouvi. Certo é que tenho o som tão presente que é como se o tivesse escutado há instantes. E quando penso nisto, volvidos que são cinco anos, alegro-me, porque sinto que o meu Avô está bem. Entristece-me a sua falta, mas alegra-me a convicção do seu descanso e, assim, fico tranquila.
[Saudades imensas, meu querido Avô. Saudades imensas que queimam, mas que a certeza de que haveremos de nos encontrar novamente - e jogar às cartas, como tu me ensinaste - ajuda a aliviar. Gosto de ti. Vou gostar sempre de ti, passem cinco, dez ou todos, todos os anos.]
© [m.m. botelho]
Depois, penso que quanto mais tempo passa, melhor o meu querido Avô está. Sim, para os que, como eu, acreditam que depois da morte há a comunhão eterna com a Luz e a Paz e o estado de felicidade plena para os que a merecem, a passagem do tempo é mais tranquilizante do que inquietante, reforça mais a certeza da chegada ao Bem do que a tristeza da partida do Mundo. É por isso que a passagem do tempo me alegra, embora as saudades nunca desapareçam.
Continuo à espera de ouvir o barulho do molho das chaves sempre que alguém abre a porta de casa da minha Avó, mas nunca mais o ouvi. Certo é que tenho o som tão presente que é como se o tivesse escutado há instantes. E quando penso nisto, volvidos que são cinco anos, alegro-me, porque sinto que o meu Avô está bem. Entristece-me a sua falta, mas alegra-me a convicção do seu descanso e, assim, fico tranquila.
[Saudades imensas, meu querido Avô. Saudades imensas que queimam, mas que a certeza de que haveremos de nos encontrar novamente - e jogar às cartas, como tu me ensinaste - ajuda a aliviar. Gosto de ti. Vou gostar sempre de ti, passem cinco, dez ou todos, todos os anos.]
© [m.m. botelho]