Pisamos no chão o outono
e numa inspiração principiamos
o tempo que há-de vir:
as falésias, os lagos inundados de sol,
a casa habitada entre as árvores,
o silêncio essencial de todas as pedras.
pisamos como se bebêssemos o sentido,
como se em dez dedos coubesse o corpo
de uma mulher altíssima, sábia dos dias,
e a cama escutasse de noite a geração das coisas
sem que as paredes contivessem o ventre oculto.
dá-se em mim o sangue desse amor tão impensável
- na palavra que me leva os lábios o calor dos pulsos,
depois acendo as lágrimas e desenho no ar as tuas mãos.
e numa inspiração principiamos
o tempo que há-de vir:
as falésias, os lagos inundados de sol,
a casa habitada entre as árvores,
o silêncio essencial de todas as pedras.
pisamos como se bebêssemos o sentido,
como se em dez dedos coubesse o corpo
de uma mulher altíssima, sábia dos dias,
e a cama escutasse de noite a geração das coisas
sem que as paredes contivessem o ventre oculto.
dá-se em mim o sangue desse amor tão impensável
- na palavra que me leva os lábios o calor dos pulsos,
depois acendo as lágrimas e desenho no ar as tuas mãos.
Vasco Gato [n. 1978].
«depois do frio, ainda. um». in «um mover de mão» [2000]
«depois do frio, ainda. um». in «um mover de mão» [2000]