Sobre «Midnight in Paris» [2011], último filme de Woody Allen: gostei muito. Parece-me que, se devidamente analisadas, o filme passa algumas mensagens muito interessantes e de forma nada óbvia (sobre os sonhos, os desejos secretos, os fracassos, as convenções sociais, as mudanças radicais de vida). O humor é muito subtil e não creio que seja característica marcante do filme. Paris, como todas as cidades dos filmes de Allen, aparece maravilhosamente filmada.
Em certa medida, achei este filme muito parecido com o «Vicky, Cristina Barcelona» [2008]: a acção não gira em torno do humor, mas do movimento do filme, da aceleração e do abrandamento, aspectos nos quais Woody Allen é mestre, sem dúvida. A interpretação da Marion Cotillard é particularmente bem conseguida.
Agora uma coisa é facto: este filme do Allen não é para qualquer um. Quem não dominar minimamente os conceitos dos anos 20 do século passado, as figuras literárias, da pintura, do pensamento, não vai perceber muitas cenas, inclusive, não vai perceber momentos de humor que estão aí contidos, como, por exemplo, algumas tiradas do Hemingway, a sequência em que o Buñuel diz "Vejo nisso um filme." e o Dalí diz "Vejo aí elefantes!" (aliás, quem não conhecer a obra do Dalí não vai perceber as piadas insistentes sobre os elefantes). No aspecto cultural, o filme é exigente.
Gostei bastante, não obstante a personagem central ser um escritor frustrado, como em «You will meet the man of your dreams» [2010], mas talvez isso seja a prova de que partindo do mesmo ponto se podem construir histórias muito diferentes e ambas muito interessantes. Isto claro, se formos o Woody Allen.
© [m.m. botelho]
Em certa medida, achei este filme muito parecido com o «Vicky, Cristina Barcelona» [2008]: a acção não gira em torno do humor, mas do movimento do filme, da aceleração e do abrandamento, aspectos nos quais Woody Allen é mestre, sem dúvida. A interpretação da Marion Cotillard é particularmente bem conseguida.
Agora uma coisa é facto: este filme do Allen não é para qualquer um. Quem não dominar minimamente os conceitos dos anos 20 do século passado, as figuras literárias, da pintura, do pensamento, não vai perceber muitas cenas, inclusive, não vai perceber momentos de humor que estão aí contidos, como, por exemplo, algumas tiradas do Hemingway, a sequência em que o Buñuel diz "Vejo nisso um filme." e o Dalí diz "Vejo aí elefantes!" (aliás, quem não conhecer a obra do Dalí não vai perceber as piadas insistentes sobre os elefantes). No aspecto cultural, o filme é exigente.
Gostei bastante, não obstante a personagem central ser um escritor frustrado, como em «You will meet the man of your dreams» [2010], mas talvez isso seja a prova de que partindo do mesmo ponto se podem construir histórias muito diferentes e ambas muito interessantes. Isto claro, se formos o Woody Allen.
© [m.m. botelho]